segunda-feira, 4 de junho de 2012

António Borges, os salários e a gestão num país falido

António Borges (ex-quadro do Goldman Sachs, logo o demo) referiu que reduzir salários em Portugal não será uma política, mas sim uma urgência e logo um coro de indignados se levantou.
O que está em causa neste momento em Portugal não é o nível dos salários, se são altos ou baixos, mas sim a impossibilidade que as empresas têm de reduzir os mesmos, como forma de redução de custos em períodos de crise, sobrando apenas o despedimento como alternativa para o efeito. As empresas podem reduzir a margem nas vendas para manterem o seu volume? Podem, mas o mais certo é aumentarem o custo das mesmas, quando o deviam reduzir e não o podem fazer por impossibilidade de negociação com os trabalhadores. Diz-se que os custos com o trabalho diminuíram; certamente que sim, mas não com os trabalhadores no activo, apenas com os (poucos) novos contratados, pois a redução do custo com os que estão no activo é o despedimento! Não perceber isto é não perceber minimamente com se gere uma empresa.
E trazer para esta discussão o salário de António Borges, ao invés das ideias do mesmo, é conversa para boi dormir e tapar o sol com a peneira. Até porque para deitar mais lenha para a fogueira podíamos até imaginar como andaria o desemprego se houvessem pessoas dispostas a trabalhar por menos que o salário mínimo nacional. Ficaríamos a China da Europa? Só por manifesta má fé se pode dizer tal coisa, ou ainda não percebemos que estando na Europa temos de nos comparar é com a Alemanha ou Holanda? Portugal só crescerá pela qualidade do seu trabalho, nunca pela quantidade. Nem de propósito a Troika deixou hoje mais algumas recomendações nesse sentido.

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