terça-feira, 28 de outubro de 2014

Nunca é tarde

"Erra aquele que não principia a aprender por supor que já é tarde" (Séneca)

Como sou dos que julgam que nunca é tarde, seja para o que for quanto mais para nos sentarmos novamente numa sala de aula, agora deu-me para voltar a estudar. Diz a minha cara metade, e não sem razão, que já o devia ter feito. Casmurrices de macho, que nestas coisas ela é muito mais à frente. Adiante.

E assim, pela noite adentro, depois de esmifrado durante o dia no escritório a levar mercadorias por esse mundo fora, das valentes das nossas empresas que continuam em busca de novos mundos, também eu procuro outros mundos de conhecimento pela voz de tão ilustres professores, que heroicamente combatem "joão pestana" com a luz do conhecimento e do saber.

Não estranhem por isso não vir aqui tão amiúde mandar postas de pescada, pois outras prioridades se alevantam, o tempo escasseia e a cabeça não dá para tudo. Mas se Deus quiser algo se há-de arranjar, nem que seja a espreitar as postas nos "tascos" dos outros.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Duendes Verdes


(Imagem via DN)

Um país a braços com um crise profunda, com uma economia esclerosada, com um povo esmifrado, sufocado, esmagado, burro de carga, saco de pancada de um bando de incompetentes, espremido até ao tutano por uma carga fiscal pornográfica, e onde os seus políticos têm a ousadia de anunciar mais impostos em prol de uma qualquer aldrabice ambientalista é um país (des)governado por lunáticos.

Pintar de verde um aumento da carga fiscal é uma insanidade, uma aldrabice, um embuste, uma mentira inqualificável. É uma verdadeira fraude fiscal, porque não é verde, mas sim bem vermelha.

Daí que muito me intriga cada vez mais como as pessoas não se perguntam algo muito simples: o que fazem no seu dia-a-dia os políticos num minúsculo país onde todas as aldeolas têm saneamento básico, energia, estradas, campos da bola, pavilhões multi-usos, rotundas, piscinas, jardins, museus, escolas, universidades, centros tecnológicos, parques industriais, portos e aeroportos?
Só não vê quem não quer: inventam, endividam-nos e pedem que votemos neles.

domingo, 19 de outubro de 2014

Vinho é Alentejo (5)


(Herdade Fonte Paredes Rerserva Tinto 2007)

Não sou de arriscar demasiado em "cenas" novas sem antes ter alguma referência, mas de vez em quando lá sou um pouco mais afoito e toca de provar o desconhecido.
Foi assim com este Herdade Fonte Paredes Reserva Tinto, que desconhecia completamente até o comprar para o almoço. Fiquei a saber que em Avis se fazem grandes vinhos; este pelo menos é enorme.
Abrir, arejar, cheirar, provar e "UAU! estamos diante de coisa boa". As castas presentes prometem desde logo e não desiludem, está carregado de Alicante Bouschet, em grande nível, à qual se juntam Touriga Nacional e Syrah. Nota-se bem a madeira onde estagiou 12 meses, mas também fruta vermelha e chocolate. Com sete anos em cima ainda está em grande nível. Uma grande e excelente surpresa.

domingo, 12 de outubro de 2014

Não importa quem fez o quê, mas sim quem sabia e nada fez (a investigação ao BES)

Este post da Maria João Alves no Corta-Fitas acerta na mouche: a comissão de inquérito não parece querer saber do BES, mas sim de quem sabia o que lá se fazia, mas nada fez ou nada disse. Trocado por miúdos: aqui na tugalândia continuamos com a mentalidade pidesca de acreditar que as instituições do Estado tudo sabem e tudo controlam.

Neste momento parece-me já claro que houve manipulação de números e resultados, pois não é de um dia para o outro que um banco como BES colapsa, com mais buracos que um queijo suíço. Ora se houve números martelados como iriam o BdP, o Governo ou a Troika detectar o rombo atempadamente?
Só alguém muito ignorante acredita que é possível numa auditoria de meia dúzia de dias, ou num teste de stress (de quê?!), detectar seja o que for. Não sejamos também ingénuos, ou desconhecemos porventura que os auditores comem aquilo que lhe põem no prato? Mais difícil ainda seria numa estrutura accionista como a do GES que é um autêntico novelo. Só quem estaria lá dentro, quem punha a mão na massa, é que saberia o andava a fazer e o resultado disso mesmo.

Esta ideia é perigosa, muito perigosa mesmo, pois além de levar o Estado a tentar reforçar, ou a não abdicar, dos elevados poderes que já tem, leva a acreditar que o país não é mais que uma coutada de uma meia dúzia de sujeitos, para os quais somos gado e pouco mais. Mas para que isso não se concretize devemos exigir que os verdadeiros responsáveis do desastre arquem com as consequências das suas brincadeiras. Quem sabia ou não sabia é de somenos importância. A mim interessa-me saber quem fazia o quê e porquê. Por tudo isto não me parece que o BES seja caso para uma comissão de inquérito, mas sim para investigação pela Procuradoria Geral da República.

sábado, 11 de outubro de 2014

Vinho é Alentejo (4)


(Julian Reynolds Reserva Tinto 2007)

Reynolds é nome grande do Vinho em Portugal e no Alentejo, pois a eles se deve a introdução na região de uma casta ex-libris: a Alicante Bouschet.
Este  é daqueles que guardarei na memória por muitos e longos anos. A já mencionada Alicante Bouschet brilha com luz própria, a dar corpo, volume, cor, muita cor, imensas notas notas vegetais e a incorporar, como mais nenhuma, a madeira. A Trincadeira e a Touriga Nacional complementam um lote brilhante. Excelente é um adjectivo curto.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Uns bitaites sobre a economia angolana

Sete anos em Angola dão para conhecer muito, viver muito, por isso muita gente me pergunta o que penso da economia angolana: o seu crescimento, as suas projecções, como é composta, o que a sustenta, etc.; no fundo querem saber se é um mercado onde valha a pena investir ou explorar, já que tantos ainda hoje a conotam - erradamente - como um el dorado.

Atentem como nos últimos anos as previsões de crescimento têm sido constantemente revistas em baixa, pois se previamente arrancam em alta e a meio do ano há uma revisão, no fim a coisa pinta bastante diferente. Vejam estes números de 2012, 2013 e 2014, e comparem com estes outros aqui ou aqui. As diferenças são notórias.

Três factos incontornáveis sobre Angola: não há total liberdade à circulação de pessoas, capitais e bens.
Angola tem um défice gigantesco de mão de obra qualificada, mas é incrivelmente burocrático e moroso obter um visto de trabalho para um trabalhador expatriado.
Depois é surreal a demora e a burocracia para pagar o salário a esse trabalhador, se ele quiser receber o seu salário - como é seu direito - no seu país de origem; as transferências de divisas são ridiculamente burocráticas e demoradas. Mas não só, pois todas as transferências de divisas são burocráticas (tudo e mais alguma coisa deve ser justificado) e incrivelmente demoradas, portanto os pagamentos a fornecedores estrangeiros são uma verdadeira odisseia. Fornecedores esses, que além de só venderem pré-pago (pelo motivo atrás, mas não só), viram agora diminuir as suas vendas devido ao aumento das tarifas aduaneiras.
Este ano as taxas sobre a maioria das matérias primas (e não só) sofreram aumentos brutais, com a desculpa de ser um motivo para promover a produção local. A pergunta é inevitável: quando não há saneamento nem energia (seja para a população ou para a industria) de que produção local estamos a falar? É que se for a produção de petróleo estamos esclarecidosJunte-se a isso a falta de divisas no mercado para a receita ficar completa (mas não fale nisso em voz alta, que o assunto aqui na tuga é tabu).

Na posse destes dados, e outros que existem disponíveis, cada um faça a sua ideia, mas cautela e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém. Pessoalmente fico reticente com as constantes revisões - e confirmações - em baixa do crescimento angolano, assim como uma cada vez menor liberdade económica (vivi o explosivo crescimento em 2007/2008 e não tem comparação com a realidade de hoje). País algum enriquece e prospera orgulhosamente só. Já viram outros percorrer o mesmo caminho? Pois... Mais um motivo para aprenderem com o erro alheio.

Como o tema dá pano para mangas, outras considerações ficam para outros posts.

domingo, 5 de outubro de 2014

Vinho é Alentejo (3)


(Terra D'Alter Reserva Tinto 2011)

Desconhecia completamente os vinhos da Terras de Alter, mas a surpresa foi total e o amor à primeira vista (ou primeira prova).
Lote composto pelas castas mais tradicionais do Alentejo e não só (onde cabe a Trincadeira, a Alicante Bouschet e até a Petit Verdot) estagiou nada menos que 22 meses em madeira. A variedade de aromas, a subtileza da madeira e a harmonia do conjunto são notáveis. Ainda é jovem, pelo que mais uns anitos em garrafa só lhe farão bem. Fará história.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Eu quero metropolitano com uma linha Elvas - Lisboa, pode ser?


Agora que as vacas já foram sangradas para que os bancos fossem desintoxicados começam estes a afiar novamente as facas. Não aprenderam nada. Ou melhor: aprenderam que quem paga as suas asneiras são os mesmos de sempre, que essa coisa do risco sistémico é altamente contagioso e mais mortal que o ébola.
Imagino então os políticos. Esta retórica do FMI é música para os seus ouvidos, pois ultimamente já não havia argumentos para ganhar eleições. Iam prometer o quê ao zé se o estavam a espremer porque não tinham um chavo?

Pessoalmente só me intriga que raio de investimento público é que a puta da Europa precisará no século XXI?!
Nós aqui no cantinho então nem se fala. Já devem estar a pensar num aeroporto em cada capital de distrito (Beja está às moscas porque não tem ligações); num TGV Lisboa-Berlim (porquê ficarmos por Madrid?); um campo de golf em cada concelho do país (para os burros pastarem pois claro); duas auto-estradas a ligar Faro a Bragança (com variantes a São João da Murronhanha e Curral de Moinas); centros de investigação científico-tecnológicos em cada freguesia (que o povo é estúpido e precisamos é de inovação); praias artificiais em todo o interior (que como sabemos é muuuuuito longe do litoral e não há estradas para lá irmos); e ainda carros eléctricos, tabuletas e telemóveis-espertos para todos; enfim é só um homem querer e um socialista sonhar que a obra nasce. E depois feiras e festas e concertos pimba todos os dias para celebrar tudo isto! Um fartote que nos vai tirar da miséria e do atraso civilizacional em que estamos.

No meio desta asneirada toda, só pergunto: e para o investimento privado não se arranja nada? Nadinha? E as pessoas? Como ficam aqueles que contra ventos e marés lá vão mantendo o barco à tona? Que se esfolam diariamente mesmo levando paulada, sendo perseguidos, esmifrados, regulados, asfixiados, espezinhados por um Estado glutão que tudo come... Ah já sei! Vão ser salvos pela mesma receita que nos trouxe o desastre, não é? Pode ser que desta seja diferente. Pois.