Este post da Maria João Alves no Corta-Fitas acerta na mouche: a comissão de inquérito não parece querer saber do BES, mas sim de quem sabia o que lá se fazia, mas nada fez ou nada disse. Trocado por miúdos: aqui na tugalândia continuamos com a mentalidade pidesca de acreditar que as instituições do Estado tudo sabem e tudo controlam.
Neste momento parece-me já claro que houve manipulação de números e resultados, pois não é de um dia para o outro que um banco como BES colapsa, com mais buracos que um queijo suíço. Ora se houve números martelados como iriam o BdP, o Governo ou a Troika detectar o rombo atempadamente?
Só alguém muito ignorante acredita que é possível numa auditoria de meia dúzia de dias, ou num teste de stress (de quê?!), detectar seja o que for. Não sejamos também ingénuos, ou desconhecemos porventura que os auditores comem aquilo que lhe põem no prato? Mais difícil ainda seria numa estrutura accionista como a do GES que é um autêntico novelo. Só quem estaria lá dentro, quem punha a mão na massa, é que saberia o andava a fazer e o resultado disso mesmo.
Esta ideia é perigosa, muito perigosa mesmo, pois além de levar o Estado a tentar reforçar, ou a não abdicar, dos elevados poderes que já tem, leva a acreditar que o país não é mais que uma coutada de uma meia dúzia de sujeitos, para os quais somos gado e pouco mais. Mas para que isso não se concretize devemos exigir que os verdadeiros responsáveis do desastre arquem com as consequências das suas brincadeiras. Quem sabia ou não sabia é de somenos importância. A mim interessa-me saber quem fazia o quê e porquê. Por tudo isto não me parece que o BES seja caso para uma comissão de inquérito, mas sim para investigação pela Procuradoria Geral da República.
Sem comentários:
Enviar um comentário