domingo, 25 de novembro de 2012

Saudades...


Da minha mulher, da família, dos amigos, do meu país, da minha terra natal.
Do cheiro da terra molhada no meu Alentejo.
Do frio no Inverno.
De palmilhar as ruas do centro da minha Elvas.
De par um pulo a Portalegre e almoçar no enorme Tomba Lobos.
De passar a fronteira e da vista do Guadiana a acariciar Badajoz.
De calcorrear e o seu "casco antiguo" e beber uma caneca na cervejaria La Fábrica.
De jantar no grande Tanuki San.
De dar salto a Évora e escolher um par de livros na centenária Livraria Nazareth.

Já falta pouco...

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Um post ao acaso sobre Angola

À beira de completar seis anos em Angola muita coisa há para escrever e contar, difícil é escolher e saber por onde começar, mas desde o início atribulado às peripécias do dia-a-dia, que só aqui acontecem, há algo que não mudou nestes anos: um quarto trimestre endiabrado.
Não sei se o mesmo acontece em todas as profissões, mas para quem, como eu, se dedica à logística e transportes internacionais a coisa é difícil de descrever. Este país vive do que importa e a produção local, apesar do aumento que se verifica, é ainda marginal quando comparada com as importações, sendo que estas, literalmente, disparam no último trimestre do ano; facilmente se duplica ou mesmo triplica o volume de actividade nesta fase. A correria é impressionante. Tudo se encomenda, tudo se compra e vende, com especial incidência nos cabazes de Natal, que são uma oferta de grande tradição natalícia por estas bandas. O fim de ano, pelos motivos óbvios, é uma época de grande consumo e Angola não é excepção, mas tem a particularidade de Luanda ser o seu grande centro comercial, a capital é o grande mercado abastecedor do país, pelo que o resultado é fácil de imaginar: se o Porto e o Aeroporto já são pequenos para a sua actividade normal e as ruas da cidade estão sempre congestionadas, imaginai nesta fase. A paciência de santo é quase requisito obrigatório.
E o volume de trabalho torna-se impressionante, o ritmo endiabrado, com muito pouco tempo livre. O dia-a-dia já é sempre bem recheado, pois um expatriado tem que render bem o que a empresa paga por ele, mas nesta altura do ano é coisa é indescritível.
Mas pelo menos é verão. Há sol e calor com fartura a convidarem constantemente à praia, aos almoços à beira mar e às festas nocturnas na Ilha de Luanda. Mas tanto calor também consome mais energia, pelo que o fornecimento desta fica um pouco mais irregular nesta fase. Em verdade se diga que a distribuição de energia em Luanda melhorou imenso nos últimos anos, mas ainda é usual passarmos um, dois ou três dias por semana, dependendo das zonas, sem energia eléctrica. E sem energia eléctrica podemos esquecer o duche, pois se a electro-bomba não funcionar não há como levar água até casa. Sobra o gerador, o qual, no meu caso, tem sempre a pontaria de avariar quando há mais falhas de rede. Sendo verão é também a época das chuvas, sendo que aqui quando chove vem água a sério, com todos os transtornos que podemos, ou conseguimos, imaginar numa cidade preparada para 500 mil habitantes e hoje com cerca de 5 milhões. O trânsito que já é quase tipo betão, fica pouco menos que impossível, pelo que a pontualidade para com os compromissos, que já é uma miragem, fica um mito. E depois temos as falhas de sistema; por uma incrível coincidência falha o sistema precisamente nos sítios onde temos algo a tratar naquele preciso momento.
Mas este ano, como se tudo isto não bastasse para testar a nossa resistência, uns tipos lá em Portugal, que é tão só o segundo fornecedor de Angola, lembraram-se de fazer umas graves nos portos, ou seja: já tínhamos a incerteza de quando um contentor sai do Porto de Luanda, mas agora temos a incerteza de quando o mesmo cá chega. Fantástico, não é?
Menos mal de daqui a pouco mais de um mês estarei de férias na planície alentejana e o resto é conversa...

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