domingo, 27 de março de 2011

Malditos mercados

Não deixa de ser interessante analisarmos como nuestos hermanos gerem a crise, depois da demissão do nosso PM, unindo-se todos em torno de uma qualquer estabilidade.
Mas o que supreende mesmo é o timming perfeito dessa união com esta outra notícia:

"El presidente ejecutivo de Moody's acudió a testificar ante la comisión acompañado por Warren Buffet, el principal accionista de la agencia. Pero Buffet se lavó las manos. "Al ser preguntado sobre si estaba satisfecho con los controles internos de Moody's, Buffet contestó que no sabía nada sobre la gestión de la agencia: 'No tenía ni idea, no he estado nunca en Moody's, no sé ni dónde están'. Buffet dijo que invirtió en la compañía porque el negocio de las agencias de calificación era 'un duopolio natural, lo que le daba un increíble poder sobre los precios", relata el informe de la comisión."



quarta-feira, 23 de março de 2011

Crise política?! Têm a certeza?

A palavra crise em Chinês tem dois ideogramas: um significa "perigo" enquanto o outro "oportunidade".

O perigo é continuarmos a ser governados por quem nos conduziu a este estado de coisas. Quanto à oportunidade creio que é óbvia.

domingo, 20 de março de 2011

Deixem trabalhar quem quer

Olhado ao longe Portugal parece hoje uma casa sem rei nem roque.
As notícias vêm em cataupa, na tv, jornais, blogues, de todas as formas possíveis e imaginárias, tantas que é deveras difícil fazer uma esboço claro da situação actual. Cheira a fim de regime, a mudança de ciclo, patente nos discursos desconexos de quem (des)governa e na postura de futuros governantes de quem tem assento na oposição, ao mesmo tempo que a sociedade civil vai mostrando claros sinais de desgaste, que tardam no entanto em revelar a sua verdadeira face de completa insatisfação, tal a estóica capacidade de sofrimento do povo português.
Nascido e criado numa região onde as oportunidades não surgem, e onde tudo simplesmente existe devido à generosidade do Estado, (Escolas, hospitais ou tribunais vão mantendo postos de trabalho até que o défice fale mais alto) impressiona-me a insistência do povo em manter tudo como até aqui, continuando a exigir que esse mesmo Estado que se arroga generoso, dando pouco mais que nada a troco de muitos impostos, seja o garante de emprego e prosperidade.
No Alentejo existem locais, referidos no mapa de Portugal, apenas porque lá existe uma Câmara Munícipal, que na maioria das vezes é o maior empregador e maior cliente dos (poucos) privados. Estas autarquias monopolizam por completo as economias locais, fazem tudo e todos depender delas directa ou indirectamente, além de deterem poderes e instrumentos absolutamente pérfidos capazes de condiccionar, anular ou mesmo negar qualquer investimento privado. Além disso são peritas em medidas e programas de combate ao desemprego, contra os quais privado algum consegue competir, e que nunca resolvem o problema, apenas adiam a sua solução.
Se vivemos uma época de mudanças espero sinceramente que os povos destas terras onde nada acontece, no Portugal profundo, compreendam de uma vez por todas que deles depende a prosperidade e desenvolvimento, assim o Estado a que eles tanto exigem, o permita e não atrapalhe como até aqui. Já passou tempo demais para compreendermos que o modelo tem de mudar, não podemos continuar a insistir na tecla que nos trouxe até aos dias de hoje. Como sempre ouvi dizer lá em casa: deixem trabalhar quem quer.

quinta-feira, 17 de março de 2011

O Estado da Nação

Quando as empresas vão à falência é devido à baixa produtividade dos seus colaboradores. Quando o Estado vai à falência é devido à irresponsabilidade da oposição.

É mais ou menos isto, não é?

terça-feira, 15 de março de 2011

sábado, 12 de março de 2011

A marcha dos enrascados

Parece que aconterá hoje por terras da Lusitânia a anunciada manifestação da "Geração à rasca", movimento cujo rastilho foi uma música de qualidade mais que duvidosa e que nada acrescenta à parvoíce de uma geração habituada a ter tudo de mão beijada.
Lendo o Manifesto de um movimento que se quer fazer ouvir, vejo que o que têm a dizer é um pouco mais que nada. À boa maneira portuguesa, reclama-se, declamam-se algumas queixas, apontam-se culpados e nada mais. Nem uma solução, um caminho, um rasgo de um projecto, nada de nada... E, como tal, à boa maneira portuguesa tudo isto resultará no mesmo: absolutamente nada.
Na melhor tradição terceiro-mundista os portugueses continuam a exigir tudo e mais alguma coisa do Governo ou do Estado, pois não percebem onde acaba um e começa o outro, como se fossemos um país completamente subdesenvolvido (somos?) onde a intervenção estatal é fundamental para o desenvolvimento. Ora o que acontece em Portugal é precisamente o oposto, os tempos os intervencionismo cainesiano já passaram e hoje Portugal precisa sim de menos Estado e mais liberdade (é vergonhoso voltarmos a apelar a ela 37 anos depois...).
Se esta geração está à rasca é porque o Estado se intrometeu demais nas suas vidas; regulando, taxando, legislando, inspeccionando e concorrendo económicamente com os cidadãos. O que esta geração, da qual pela idade faço parte, devia exigir era precisamente o oposto do que pede, ao invés de mais emprego e melhores condições (?), devia exigir que o Estado se deixasse de medidinhas, iniciativazinhas, planos e o diabo a quatro, permitindo pura e simplesmente a livre iniciativa e empreendedorismo, e ao mesmo tempo passar a encarar os cidadãos como potenciais criadores de riqueza, ao invés dos meros contribuintes a que hoje nos reduziram.
Em última análise ou recurso dou um conselho aos jovens á rasca: não se limitem aos horizontes da vossa aldeia ou cidade, pois existe todo um mundofora. Infelizmente, pois quer-me parecer que o nosso país não se pode dar ao luxo de perder os melhores.
Mas afinal de contas tudo tem um preço e o nosso provincianismo sempre nos saiu demasiado caro.

terça-feira, 8 de março de 2011

Breve história de uma longa viagem

A vida corria quase parada na imensidão da planície alentejana, entre o trabalho falado em espanhol para pagar os ócios do fim de semana e o tempo, imenso, para nada se fazer.
Sonhos, muitos, quase colocados de lado, porque nessas terras se pensa pequenino e quem grande pensa logo é colocado no devido lugar, como que enjaulados pelo deserto de ideias. Mas, como a vida é uma caixinha de surpresas e o acaso um brincalhão, em breve ver-me-ia atirado para outro mundo um pouco diferente.
Dou por mim sozinho na fila de bancos. Três lugares só para mim (o que é deveras sortudo tendo em conta a exiguidade da classe económica para um destino na moda) que me permitiriam estar já profundamente adormecido quando levantamos voo. Um 777 novo? Nada mau para quem nunca andou de avião... Não é assim tão especial quanto imaginamos. Excepção feita para a duração da viagem, pois 7 horas sem nicotina acabam com o juízo de qualquer um dado a esse vício.
Eis que nos aproximamos da pista. Espero a grande cidade de que todos falam, mas, afinal vista da janela apenas parece uma árvore de natal mal decorada, luzinhas aqui e ali piscam intermitantemente sem que consigamos vislumbrar o desenho das ruas. Pelo menos a baía é fácil de descobrir. Chego à porta do avião e é como se abrisse a porta do forno da cozinha e mergulhasse lá para dentro, o calor cai-me em cima deixando-me o corpo mais pesado e molhado, custa respirar, o ar é quente, espesso e com um odor diferente... A uns poucos metros de distância o 4 de Fevereiro esperava por mim.
A cidade era escura, pouco iluminada, não dando sequer para ver da janela do carro as fachadas dos prédios por onde me conduziam à minha nova casa. Pelo menos aparentava ser uma cidade igual a tantas outras... Chegados ao prédio de repente mergulho no Blade Runner. O pátio de entrada rechado de lixo e sujidade, as paredes esburacadas, o corrimão das escadas sumido, a iluminação ausente. Aberta a porta de casa o coração sossega, o cenário muda, nada luxuoso, um apartamento igual a tantos outros que se alugam a estudantes em Portugal, ou seja com o básico e elementar para o conforto com as suas paredes brancas como única decoração.
Para jantar cozinha libanesa, fahita de frango, nada mau para quem a gastronomia, até então, começava acima do Douro e terminava algures no Guadiana.
Ao serão uma imponente trovoada tropical recebía-me com todo o seu esplendor, iluminando o meu quarto, não fosse eu perder-me na noite de Luanda.
Foi em 2007. De lá para cá e entre cá e lá, muita coisa mudou.
Este blogue continuará a contar algumas dessas coisas.