sábado, 26 de novembro de 2011

Tenham juízo, pá!

Com o ano a dar os últimos suspiros o cansaço acumulado já é mais que muito, facto que me obriga a colocar os neurónios em piloto automático, pelo que a paciência e capacidade para vir aqui mandar postas de pescada já não é muita.
A juntar a isso a festa diária, a que assisto à distância, no meu país deixa o cérebro de qualquer um a fazer tilt. Custa acreditar que estamos a assistir a um telejornal e não a uma qualquer novela mexicana de amores, traições e tragédias, ao mesmo tempo abrir um jornal on-line é quase o mesmo que mergulhar numa peça de Shakespeare.
Não sei se andam todos a brincar ou se a coisa é mesmo a sério, mas permitam-me um conselho de quem vê a nação à distância: tenham juízo.
Bem sei que a quem aí está a realidade morde com todos os dentes, pelo que tem conhecimento de causa, mas a quem está longe a imagem que chega é a de um grupo de baratas tontas, a disparar em todas as direcções, alucinadas e intoxicadas por uma miríade de factos e contractos, mera poluição sonora, que ofusca toda e qualquer capacidade de orientação e percepção, como se por vontade própria preferissem viver num espesso nevoeiro que oculte a realidade. E isto, permitam-me o abuso, aplica-se a quase todos, sejam eles governo, oposição, sindicatos, jornalistas, etc. Já que os portugueses sempre gostaram mais de parecer do que ser, pelo menos façam por parecer que têm juízo e que sabem o que andam a fazer. É que aquilo que eu vejo não somos só nós, os emigrantes, a ver, mas todos aqueles com quem convivemos por este mundo inteiro. Depois queixem-se dos ratings, dos juros, da nossa imagem, dos preconceitos, das cabalas e o diabo a quatro!
Se até nos musseques de Luanda, onde falta tudo, se diz à boca cheia que Portugal "tá passar mali, muto mali", imaginem o que não se diz por este mundo fora... Certamente que estamos a passar mal, só um louco diria que não, mas não temos porque não mostrar que sabemos o que andamos a fazer. Se é que alguém realmente sabe.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Pontaria


Não se arranja uma greve contra as agências de rating?
Vá lá, não custa nada. Perdido por um, perdido por mil.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Pensamento do dia

"Um socialismo recheado de lantejoulas ofuscantes de modernismo, puro produto de marketing, que importa parecer, aparecer, mas nunca ser, de palavras, muitas, vazias e actos inúmeros de resultados nulos, excepto o empobrecimento colectivo de quem vota alarve, só pode resultar num retumbante fracasso para os seus acólitos.
Valha-nos pelo menos a certeza de que o socialismo termina quando o dinheiro dos outros acaba."

Atirei para a caixa de comentários deste post no Portugal dos Pequeninos.

domingo, 20 de novembro de 2011

Hoje a minha costela espanhola acordou bem disposta


Já podemos esperar bons ventos do país vizinho.

Natal não rima com tropical

Ontem acordei numa Luanda que insiste em não dizer adeus ao cacimbo, onde os dias se mantêm cinzentos e o calor persiste, mas aquele sufocante, que nos deixa a roupa colada ao corpo, tarda em dar o ar da sua graça.
Num país onde tanto há ainda por fazer não damos sequer pelos dias passarem, a azáfama é uma constante, parar parece proibido, há que compensar por estas bandas os fracos resultados obtidos noutros paragens. O cansaço nesta fase já é tanto que o dia-a-dia é passado em piloto automático, tendo o cérebro paragens momentâneas para lembrar apenas que não estamos em casa e recordar aquilo que não se esquece.
Como todos os sábados de manhã lá fui abastecer a dispensa a um conhecido supermercado da cidade. As ruas estavam estranhamente calmas, mais parecia que muita gente tinha abandonado Luanda, tal a tranquilidade do trânsito. Ao chegar ao local das compras o ambiente era algo diferente de outros dias. O parque de estacionamento estava praticamente vazio. Num local onde muitos estrangeiros fazem compras ontem estavam quase ausentes. No entanto havia uma azáfama estranha, com os funcionários a correr de um lado para o outro carregando caixas e caixotes. Eram as decorações de Natal.
Fiquei deprimido. Com o stress que carregamos aqui nem nos apercebemos da época do ano que se aproxima. E com este calor muito menos. Definitivamente Natal não rima com tropical. Menos mal que já faltou mais para as férias.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Elvas é uma canseira

A minha terra natal é tão agitada e tão interessante, que até este tipo de acontecimento é notícia.
Haja paciência compadres...

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Cavaco Silva e as oportunidades


Sem dúvida.

Os portugueses têm neste momento uma excelente oportunidade para emigrar, como fizeram aqueles a quem eram dirigidas estas palavras, e este para variar perdeu uma boa oportunidade de não fazer figuras tristes.

domingo, 13 de novembro de 2011

Lá vamos indo...



Ver que temos compatriotas espalhados pelo mundo, bem sucedidos, desde grandes multinacionais a instituições internacionais, há muito que me faz reflectir no que faltará ao nosso país, ou dito de outro modo, porque temos tanta dificuldade em reter os melhores?
Há tempos atrás numa discussão entre amigos, sobre a nossa baixa produtividade, um deles disse-me que lá fora somos devidamente compensados pelo esforço, por isso quando emigramos trabalhamos mais e melhor. É um ponto de vista, mas não creio que a coisa se resuma a isto, Portugal não será uma nação desprovida de mérito, se assim é falhámos redondamente. Outro dizia-me que os baixos salários não ajudam, também é verdade. Pessoalmente tive que passar a fronteira para ver o cheque no final do mês passar a ter 4 algarismos. Mas algo mais se passa... Creio que em Portugal temos mau karma. Carregamos o fardo do fado na alma, praticamente desde que nascemos, parece que o nosso inconsciente colectivo está orientado para voar baixinho. Ainda este fim de semana um parceiro de negócio dinamarquês me perguntava porque diabo nós portugueses temos mais horas de sol que qualquer país da Europa e somos os mais tristes. Boa pergunta. A mim sempre me fez espécie quando cumprimento alguém e me responde "mais ou menos", "lá  vamos indo...", façam um exercício e contem as respostas positivas, raríssimas vezes ouvirão uma resposta entusiasmante e positiva. Isto é a nossa maneira de estar.
Uma diferença abismal que encontrei quando trabalhei em Espanha foi o entusiasmo com que nuestros hermanos encaram o trabalho, a forma como sentem a organização, como vestem a camisola, a ambição e o empenho que colocam em tudo é impressionante e isto faz toda a diferença. Em Portugal, pelo contrário, a meta, na maioria das vezes, é chegar ao fim do mês, receber um salário e pouco mais. Falta ambição. Não por acaso o sonho de muita gente, ainda hoje por incrível que pareça, é um emprego na função pública. Porquê? A minha família chegou a dizer-me: "filho, pode não ser muito mas é certinho e seguro, o Estado nunca falha". Vê-se onde esta ideia nos trouxe. Em conversa com alguns jovens desempregados da minha terra natal, revoltados, eles não pedem muito, só pedem um emprego, trabalho, não pedem fortuna, apenas algo para pagar as contas ao fim do mês. O risco e a ambição não fazem parte do vocabulário. Veja-se como exemplo que em Badajoz irá abrir em breve um dos maiores centros comerciais da Península Ibérica, mas a primeira ideia a surgir é a oportunidade de emprego, a oportunidade de negócio não aparece em lado algum.
Talvez seja precisamente o ambiente Lusitano que fez os nossos antepassados fazerem-se ao mar em busca de melhor sorte, simplesmente para fugir de uma nação que pensa baixinho e tem vistas curtas. Portugal é deprimente. Doa a quem doer, mas esta é a grande verdade. Todos somos culpados, como é lógico, aqui não há inocentes, pois colocássemos nós o empenho que colocamos lá fora e talvez o país não estivesse neste estado. O retorno não é igual? Pois não, mas isso não explica tudo. É notória a falta de liderança no país, sejam eles empresários ou políticos, o empurrar os problemas com a barriga e a falta de coragem para enfrentar a realidade é quase um desígnio nacional, "amanhã logo se vê" (há vida depois do défice, mas depois da dívida...) como tantas vezes e em tantos locais se ouve, lá vamos deixando para amanhã o que podíamos fazer hoje; talvez por isso o meu patrão em Espanha dizia muitas vezes que Portugal era um país de futuro, pois deixávamos tudo para amanhã. E assim continuamos numa espiral de negativismo da qual será muito difícil sair, urge então uma mudança radical na nossa forma de estar. Claro que quando quem lidera não dá o exemplo e vemos o país (des)governado em direcção ao abismo é difícil, senão impossível, ter outro estado de espírito. Mas, caramba, acreditarmos em nós e sermos ambiciosos não paga imposto, mais baixo é impossível descermos, pelo que o único caminho é para cima. Vamos parar de achar que o Estado tem que dar tudo e mais alguma coisa, isso é típico de países do terceiro mundo, somos nós que temos que fazer por isso! Enriquecer não é pecado, dá trabalho e exige esforço, mas vale a pena, pois como dizia o meu amigo dinamarquês: "não devemos exigir um walfare state, não é isso que temos no norte, isso é uma falácia pois o Estado não deve ser assistencialista, devemos exigir um efficient state, que administre correctamente a coisa pública não gastando mais do que tem e deixe os privados ganhar dinheiro, só depois podemos falar em dar seja o que for". Mais simples impossível, assim todos compreendamos do que se trata. Já ouvi muitas vezes a critica, da boca de estrangeiros, que no nosso país passamos demasiado tempo a pensar, a discutir, a opinar, a estudar e muito pouco a executar. Qualquer empresário estrangeiro perde a cabeça no nosso país dado o tempo que as coisas demoram a acontecer. É sofrível. E não há maior exemplo disso do que quantidade de fazedores de opinião que pululam pelos nossos media, debitando bitaites sobre tudo e mais alguma coisa, principalmente criticando o que foi feito e denegrindo quem faz alguma coisa, mas nunca apontando uma solução e um caminho. São puro lixo tóxico, que cada vez mais me deixam enojado e sem coragem para ler um jornal ou ouvir um debate na TV. Chega a ser freudiano o nosso sado-masoquismo.
Não há nada mais forte no mundo que uma ideia positiva, portanto creio que é hora de pararmos de tapar a luz ao fundo do túnel com a peneira, pois sol é algo que temos com fartura e ninguém o pode tapar. E deixem-se de ideias parvas como o empobrecimento como solução, que de ideias pobres está o país farto. Ninguém enriquece a empobrecer, mas sim a assentar os pés na terra, pois com a cabeça no ar ninguém vê o caminho à sua frente.

sábado, 12 de novembro de 2011

O dedo na ferida

"Sejamos sérios. É notável a capacidade logística dos sindicatos. A capacidade de organização e mobilização das gentes. Como também é notável a energia e a vontade que os manifestantes põem nestas jornadas de luta. Fizessem a mesma coisa nos respectivos locais de trabalho e o país não estaria neste estado."

domingo, 6 de novembro de 2011

A crise vista pelo povo

"Crise??? O que é isso??? Hoje fui tomar café a um restaurante muito conceituado aqui no alentejo. Só vi Porches, BMW, Audis, Mercedes e descapotáveis uma coisa que me faz confusão (...)"

O resto deste extraordinário indicador do estado da nossa crise pode ser lido aqui.
Este é o típico comentário do povo, onde se vê que afinal a crise não é coisa por ali além, se é que existe mesmo, pois continuam a ver Porches, BMW's e Audis... A coisa toma proporções assustadoras, por si só, ao constatarmos que continuamos a negar o óbvio e a não aceitarmos a dura realidade em que o país mergulhou. Para o português típico não sei o que significará "crise", pois está visto que não será pela falência do país, eliminação de subsídios, emigração em massa e desemprego galopante que a coisa lá vai. O que será preciso para acreditarmos na crise? Sermos uma Somália ou Burkina Faso? Lá também existem Porches e BMW's ou pensam que não?!
E isto é tão mais perigoso que esta gente, particularmente no Alentejo, continuar a revelar uma profunda ignorância sobre a ordem natural das coisas, pois crise não significa não haver ricos e ficarmos todos pobres (bem sabemos que na realidade isso é o sonho de qualquer comunista de gema que inveja o rico não pela sua riqueza, mas para que ele desça ao seu patamar de pobreza), mas sim que a aparente "riqueza" que a nossa classe média alcançou era fictícia, alimentada por um socialismo que tudo prometia a troco do que não tinha. A factura chegou e o resultado está à vista. Mas apesar de tudo continuarão a existir Porches, BMW's e Audis, mesmo que comprados a crédito. Pena que a malta não perceba isso.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

De quem descendem os Portugueses?

Uma anedota resume bem a coisa:

"Um jovem diplomata português desabafa com um colega mais velho:
- Francamente, senhor Embaixador, devo confessar que não percebo o que correu mal na nossa história.
Como é possível que nós, um povo que descende das gerações de portugueses que "deram novos mundos ao mundo", que descobriram o Brasil, que viajaram por África e pela Índia, que foram até ao Japão, e a lugares bem mais longínquos, que deixaram uma língua e traços de cultura que ainda hoje sobrevivem em meio mundo e são lembrados com admiração, como é possível que hoje sejamos o mais pobre país da Europa ocidental?!

O embaixador sorri:
- Meu caro, você está muito enganado. Nós não descendemos dessa gente aventureira, que teve a audácia e a coragem de partir pelo mundo, nas caravelas, que fez uma obra notável, de rasgo e ambição.
- Não descendemos? - reagiu, perplexo, o jovem diplomata - Então de quem descendemos nós?
- Nós descendemos dos que por aqui ficaram..."

PS: dedicada com todo o carinho aos que bateram palmas a estas declarações no conforto da terra que os viu nascer.