domingo, 19 de janeiro de 2014

Mais leitor que escrevinhador

Não tenho tido a vontade, nem a inspiração para escrever seja o que for, sobre aquilo que for. Há fases assim. A realidade, esta realidade, que eu vivo e conheço há sete anos já não me surpreende, já não me fascina, já não a consigo descrever e viver com aquele misto de choque e deslumbramento de quem acaba de chegar. Pura e simplesmente já me satura. Sete anos é muita coisa para quem julgava ficar apenas dois ou três.
Do outro lado a outra realidade, não uma qualquer alternativa mas aquela que apenas vivo pela televisão, imprensa, blogues ou nas minúsculas férias trimestrais é demasiado surreal para escrever algo sensato sobre ela. Afinal que mais há a acrescentar ao que já se disse e escreveu sobre um país governado há quarenta anos por um grupinho de incompetentes?
Por isso leio mais que escrevo. A leitura sempre foi o meu refúgio. E nestes tempos de incerteza muitas são as obras por terminar ás quais regressei. Sou incapaz de ler um livro de cada vez e por isso "A Riqueza das Nações" de Adam Smith, As Lições de Peter Drucker, "Da Liberdade de Pensamento e de Expressão" de John Stuart Mill, "Common Wealth" de Jeffrey Sachs, "Sôbolos Rios que Vão" e "Memória de Elefante" de António Lobo Antunes ou "A Toupeira" de John Le Carre são alguns dos que hoje em dia de acompanham, juntamente com os blogues que constam na barra aí do lado direito.
Por isso não estranhem a ausência de escritos por aqui, a gente vê-se por aí e vamos trocando impressões algures; e alguma coisa sairá destas teclas, nem que seja a conta-gotas.

sábado, 11 de janeiro de 2014

O sigilo profissional do Fisco elvense (ou a falta dele)

Como zeloso cumpridor das minhas obrigações fiscais guardei o ultimo dia do ano, que me encontraria em em Portugal, para liquidar o imposto que o Estado me cobra por ser possuidor de um veículo automóvel, assim dia 27 de Dezembro lá me dirigi aos serviços de finanças de Elvas. Eu e mais uma catrefada de gente, como é óbvio, pois é mais que conhecido o gosto dos Portugueses pelo fim dos prazos do que quer que seja.
Ora estava eu descansadinho da vida, sentado, à espera que o monitor anunciasse o número da minha senha quando de repente começo a ouvir alguém a anunciar quantias monetárias, que, descobri de imediato, nada mais eram que os valores a pagar pelo contribuinte que se encontrava ao balcão no respectivo momento. Volta e meia além da quantia a voz ainda anunciava uma multa por pagar, uns juros, uns valores em atraso, etc. Chegada a minha vez até fiquei a saber que era bom que apenas pagasse o equivalente ao número da minha senha, mas infelizmente era muito mais... Eu e toda a sala ficou a saber. E tudo graças ao magnífico timbre de voz dos zelosos funcionários do fisco de Elvas. O que cada um paga, o que deve, quanto deve e o que mais houvesse. Isto é, no mínimo, uma tremenda falta de profissionalismo e, no máximo, uma total falta de vergonha na cara e respeito pelos outros. Nós sabemos que os funcionários das finanças sabem, mas escusavam que o mostrar e dar a conhecer aos outros.
Todos sabemos que Elvas é uma cidade pequena, onde todos se conhecem, mas (e ainda que assim não fosse) por isso mesmo não se pode faltar ao respeito e invadir dessa forma tão escabrosa a privacidade de cada um, ainda por cima num tema tão particular como os impostos que cada um paga ou deve. Foi um triste espectáculo ao qual não consegui ficar indiferente, pelo que fica o reparo e o apelo a que alguém ensine para aquelas bandas o que é o chamado "sigilo profissional".