quarta-feira, 30 de maio de 2012

O que faz falta é animar a malta?

Numa altura de crise, como a que estamos a viver, qualquer boa notícia, por mais pequena que seja, é boa para massajar o ego, principalmente se essa notícia disser respeito ao desempenho da nossa economia.


Ainda não vi o referido estudo, mas tenho conhecimento que segundo as estatísticas oficias do Conselho Nacional de Carregadores de Angola o líder, destacado, das importações angolanas foi a China, com "apenas" o dobro do volume do segundo classificado: Portugal.
Podem comprovar os números do CNCA aqui.

Isto de dar boas notícias é um pouco diferente de dar excelentes notícias.

Vinhos do Alentejo: as minhas escolhas (5º)

Monte da Pecegina (Albernoa, Beja)


Das terras do Baixo Alentejo chega-nos um vinho surpreendente da excelente Herdade da Malhadinha Nova.
O Monte da Pecegina Tinto é um vinho temperamental, que vai revelando todo o seu esplendor ao longo da prova, com um final prolongado e persistente; um autêntico festival para o paladar.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Tributar o que não existe

"Boa parte da crise que atravessamos tem origem no sistema fiscal. Insiste-se em tributar a riqueza. Ora, em Portugal, produz-se pouca e esta tem quase sempre origem duvidosa. É claro que riqueza com pecado original não se declara. Assim, sobra quase nada para tributar e redistribuir. (...)

Num esforço inglório, alguns entusiasmadinhos da tributação inventaram há uns anos esta coisa dos sinais exteriores de riqueza. Mais um erro. Rico que é rico tem. Não ostenta. (...)

O problema está pois nesta obsessão absurda por tributar o que praticamente não existe. Lá fora, há riqueza a sério. Faz todo o sentido tributá-la. Aqui não. (...)

Por isso, devíamos adaptar o sistema fiscal à nossa realidade. E tributar o que temos em abundância. Ora, abundante, para além do cabelo do Jorge Jesus, só vejo a pobreza de espírito. (...)"


Rui Rocha, via
Delito de Opinião

domingo, 27 de maio de 2012

O Brasil transparente


"La ley ha sido considerada como una “revolución política” que pondrá a los ojos de los ciudadanos los rincones hasta ahora más oscuros de las diferencias a veces abismales entre el sueldo base de un trabajador (240 euros) con el de algunos jueces y políticos que, entre pitos y flautas, pueden llegar a ganar o a costarle al estado hasta 60.000 euros mensuales.
Una ley tan revolucionaria, que el Sindicato de Funcionarios del Congreso se opone a su realización y amenaza impugnarla bajo el pretexto que puede atentar a la seguridad de los funcionarios y de sus familias si la gente sabe lo que ganan, a través de los llamados “secuestros relámpagos” que en Brasilia se dan ya dos por día y han crecido un 53 % el último año.
Se podrá saber, como a veces ha revelado la prensa, que, por ejemplo, un chófer del Congreso gana más que un oficial de Marina que pilota una fragata. O que un asesor de tercera categoría de un diputado gana más que un científico investigador de la prestigiosa Fundación Oswaldo Cruz que estudia las nuevas vacunas para salvar millones de vidas. O que el jefe del aparcamiento de coches del Congreso gana más que un catedrático de la Universidad. O que, al revés, un cirujano del sistema público de salud del Estado gana 70 reales (30 euros) por una operación a corazón abierto que equivale a lo que gana una empleada doméstica en un día."

Juan Arias, no seu blogue "Vientos de Brasil".

sábado, 26 de maio de 2012

Vinhos do Alentejo: as minhas escolhas (6º)

Vinha d' Ervideira (Vendinha, Reguengos de Monsaraz)


Aqui começamos a entrar noutro campeonato, com vinhos de gama média-alta.
O tinto d' Ervideira é aveludado, frutado, pleno de aroma e com bom final, sendo um dos melhores exemplares das terras de Reguengos de Monsaraz.
A família Leal da Costa nunca desilude e está sempre em boa forma.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

O plano de crescimento da Sra. Merkel

Consta que a Sra. Merkel (essa malvada) tem um plano para o crescimento europeu em seis pontos.

Na cabeça de muita gente a coisa devia ser mais ou menos assim:

1 - Que a Grécia pague as suas dívidas
2 - Que Portugal pague as suas dívidas
3 - Que a Irlanda pague as suas dívidas
4 - Que a Espanha não necessite um resgate
5 - Que a Itália não necessite um resgate
6 - Que o Sr. Hollande se deixe de ideias para o crescimento

Não que estas ideias fossem más, mas a Sra. Merkel (essa malvada), foi um pouco mais além (da Troika?) e até teve umas boas ideias, como, por exemplo, a criação de zonas económicas especiais, vulgarmente conhecidas por zonas francas. Algo óbvio para qualquer pessoa que conheça os poucos recursos dos países do Sul, assim como a sua pouca produtividade, mas uma extraordinária localização geográfica. Já que o dinheiro não nasce nas árvores de algum lado ele tem que vir, não? Pois. Afinal de contas a baixa produtividade, seja onde for, não deve ser subsidiada por uns e taxada com altos impostos por outros. Adiante. E eis que este plano pressupõe baixos impostos. E esta hein?

Será que o socialismo lusitano, que nos governa há 3 décadas, tem coragem para deixar que nosso jardim à beira mar plantado seja povoado por esses malvados porcos capitalistas que só pensam em criar riqueza? Ou vamos continuar apenas a criar ricos e pobres, com especial incidência nestes últimos?

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Eleições em Angola


Economicamente não será muito difícil fazer a previsão do que irá acontecer até lá: as importações de produtos ligados ao investimento público irão continuar a aumentar, conforme o governo tinha já previsto aquando da elaboração do orçamento de Estado para 2012, no entanto em muitos outros sectores será de esperar um arrefecimento da actividade pela expectativa do que irá acontecer. O sentimento geral por aqui é que será um acto tranquilo e sem sobressaltos; Angola tem aqui uma oportunidade soberana de dar uma lição de cidadania a África. Acredito que sim.

Pelo meio só o preço do petróleo pode pregar alguma partida menos agradável às contas Angolanas, e por acréscimo às nossas exportações, se mantiver a tendência de descida verificada nos últimos tempos. Ainda assim há que ressalvar que o OGE 2012 foi elaborado com base num preço 77 USD/barril e neste momento ainda cota perto dos 90 USD (neste aspecto os Angolanos podiam ensinar os nossos compatriotas a elaborarem orçamentos realistas...).

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Vinhos do Alentejo: as minhas escolhas (7º)

Vinha da Defesa (Reguengos de Monsaraz)

Só há bem pouco tempo me rendi ao Vinha da Defesa. É um vinho extremamente frutado e aromático, com grande relevância para os frutos silvestres; elegante e equilibrado.

domingo, 20 de maio de 2012

Sobre a falta de empreendedorismo em Portugal (2)

Convêm lembrar que os empreendedores abandonam, neste momento, o país aos magotes. Consta que a um ritmo de cerca de 85 por dia.
É pena, porque ganham eles mas perde o país. Ou talvez não, porque se não somos a Grécia, nem temos o desemprego de Espanha, podemos agradecer à facilidade com que fazemos as malas e procuramos melhor sorte. A estatística do desemprego fica menos desagradável e as remessas alimentam muita gente. E é bom que assim seja, Portugal não merece empreendedores. Quem julgou que a vida era de borla, que o dinheiro nascia nas árvores, que a riqueza surgia por decreto, merece muito pior que aquilo por que o país passa. Quem comeu a carne que fique a roer os ossos.
Bem vistas as coisas ficar desempregado é mesmo uma oportunidade, para abandonar o país e mandar à m%&#a quem lixou isto tudo. Só é pena por quem já não tem idade para o fazer, com a facilidade de um certo estudante em Paris.
Cada vez mais ecoam na minha mente as palavras de um norueguês que conheci em Luanda: "O que tem Portugal? Nada, além de queijos, vinhos e praias..."

sábado, 19 de maio de 2012

Vale a pena ler


"Ronald Reagan e Margaret Tatcher podiam basear-se nas exuberantes tradições nacionais de apoio às ideias de mercado livre. Adam Smith era escocês; Milton Friedman americano. Porém, na maior parte do mundo, aderir à economia capitalista e à globalização implicava tremendas mudanças políticas, ideológicas e até psicológicas."

"(...)o presidente da Câmara de Vidin, uma cidade com cerca de setenta mil habitantes perto das fronteiras com a Sérvia e a Roménia, contou-lhes uma história triste de declínio. As fábricas da região tinham fechado desde a derrocada do comunismo, a guerra na Sérvia e o bloqueio do Danúbio haviam desferido novos golpes na economia. O desemprego andava nos 25%. «Para nós vocês são a esperança», concluiu de modo simples e queixoso.(...)
Em 2007 a União Europeia tinha-se expandido e englobava vinte e sete países e lançou a sua própria moeda pan-europeia, o Euro. Era um monstro de quase quinhentos milhões de pessoas, com a uma economia maior que a dos Estados Unidos ou da China."

"A fé no poder dos valores liberais políticos e económicos, que em última análise hão de prevalecer, constitui uma mensagem positiva."

Gideon Rachman, O Mundo de Soma Zero
Quetzal Editores. Tradução: Miguel de Castro Henriques

Imagem: daqui.

Vinhos do Alentejo: as minhas escolhas (8º)

EA, Fundação Eugénio de Almeida (Évora)

Foi dos primeiros vinhos que provei na minha iniciação vinícola e desde logo me prendeu.
É um vinho jovem, mas com carácter próprio fruto de uma combinação de castas pouco usual. Suave, levemente frutado e ligeiramente ácido, nunca desilude.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Os vinhos do Douro precisam de colo?!

Acabo de assistir no Telejornal da SIC a uma reportagem dedicada ao vinho Barca Velha do Douro, sob o meloso título "As vidas do Barca Velha"; como não podia deixar de ser, pois estranho seria uma estação de televisão dedicar 2 minutos que fosse ao Alentejo!
Confesso que continuo sem perceber o mediatismo que continua a ser dado aos vinhos do norte, em contraponto ao escandaloso desprezo pelos vinhos do Alentejo. A coisa atinge proporções ainda mais estúpidas quando os Vinhos do Alentejo sofrem um reconhecimento cada vez maior à escala mundial, coleccionando prémios por onde quer que passam. Este ano conseguiram até a proeza de eleger o melhor tinto do mundo, em Bruxelas, além de ganharem por goleada nas medalhas de ouro aos vinhos do Douro. Tudo isto foi olímpicamente ignorado pelas nossas televisões, como não podia deixar de ser, o que mostra até que ponto continuamos agarrados ao passado, arcaicos e sem ver onde mora o futuro.
Se medirmos a coisa por critérios de mercado podemos constatar como este ano é lançado um Barca Velha 2004 por cem euros, mas não é que tem exactamente o mesmo preço pelo qual foi lançado em 2009 um Pêra Manca 2005?! Foi há três anos! Já pelo lado das exportações a coisa também não deve ser diferente, onde os Vinhos do Alentejo crescem de forma impressionante. Dados sobre as exportações do Douro, misteriosamente, não encontro, mas o ex-libris Porto diminuiu...
Não me mal interpretem, pois o Barca Velha é um excelente Vinho, mas, por amor de Deus, não precisa que o levem ao colo ignorando aqueles que neste momento marcam a diferença. E a qualidade.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Sobre a falta de empreendedorismo em Portugal

Convêm ler esta posta n' O insurgente, que dá boas respostas e cujos comentários merecem consulta atenta.
Podemos apontar como causas o socialismo, o estatismo, a burocracia, a cunha, a inveja, a preguiça e o diabo a quatro, que causas e motivos não faltam para algo à vista de tudo e todos.
No entanto convêm perguntar: alguém recorda um só líder que ao longo da nossa História tenha apelado, instruído e incentivado o povo a trabalhar mais para enriquecer, por forma criar um Portugal mais próspero e desenvolvido? No fundo: alguma vez elogiámos a criação de riqueza?
Pois, bem me parecia...

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Vinhos do Alentejo: as minhas escolhas (9º)

Conventual (Portalegre)


Das encostas da Serra de São Mamede chega-nos um vinho jovem e frutado, que faz uso de uma das melhores combinações do Alentejo, com Aragonês, Trincadeira e Alicante Bouschet, o que lhe confere um aroma frutado e ao mesmo tempo alguma acidez. É uma das melhores escolhas dentro dos chamados "vinhos correntes".

terça-feira, 15 de maio de 2012

sábado, 12 de maio de 2012

Estaremos a destruir mercado em Angola?

Na opinião de um colega de trabalho, sim.
Discutimos o assunto durante um almoço, no qual um dos colegas alegava que os portugueses estamos a "destruir" o mercado de trabalho em Angola, com o argumento dos baixos salários que muitas empresas lusitanas começam a pagar por estas bandas. Na realidade não é fora do comum encontrarmos empresas que começam a pagar entre 1.500,00 a 2.000,00 usd aos expatriados. É manifestamente pouco e, incrivelmente, fica em linha com os salários pagos em Portugal. O fenómeno não é de fácil análise e muitos factores contribuem para o mesmo. A estabilidade da inflação, a regulação do mercado, a melhoria do sistema de ensino e o regresso de muitos angolanos qualificados da diáspora explicam muita coisa. No entanto grande parte fica por conta do elevado desemprego em Portugal, que proporciona um manancial de jovens qualificados, que procuram fugir ao desemprego emigrando. Angola está há vários anos na moda, é o maior mercado extra-comunitário das nossas exportações e a sua economia está pujante, o que contribui à imensa procura entre os nossos jovens. A meu ver, uma procura desproporciona, para a qual muito contribuem os nossos media, que insistem nos retratos de um suposto el dorado.
Há quatro ou cinco anos atrás os salários médios dos expatriados rondavam os 4 ou 5 mil usd, entre outras regalias, como casa, carro, viagens, seguros, 45 dias de férias, etc. Hoje, além da redução de salários já referida, as condições podem ser partilhar casa e carro com os colegas, apenas uma viagem, 30 dias de férias e por aí abaixo... Portanto do ponto de vista dos custos para as empresas é uma boa notícia, pois conseguem mais oferta para as suas vagas a preços muito mais baixos. Onde a porca torce o rabo é que, num mercado com estas especificidades, desta forma dificilmente conseguirão seduzir os melhores quadros, pois se há 4 ou 5 anos atrás não vinha para Angola quem queria, mas quem podia e as empresas, graças aos elevados custos que suportavam, procuravam os melhores, hoje qualquer um pode (ou sujeita-se a) vir. Chegava a haver um par de candidaturas para 10 vagas, hoje para uma só vaga chovem CV's, assim um expatriado já não é um investimento, mas sim um recurso mais qualificado. A prova disto é que muitas empresas estrangeiras aqui presentes começam já a recrutar quadros portugueses, algo impensável há uns anos atrás. Se a isto somarmos o provincianismo da maioria dos nossos empresários, para os quais lucro fácil e rápido é o fim de toda a acção e gestão de recursos humanos se limita ao processamento salarial, então o cenário tenderá a ficar ainda mais negro. Conheci há anos um engenheiro alemão que estava aqui com a mulher e os quatro filhos, com tudo pago, inclusive a escola privada das crianças, pela sua empresa e isto é algo impensável para a esmagadora maioria das empresas portuguesas, as quais, por norma, colocam imensos entraves à vinda da família pelo custo que tal pressupõe (no meu caso não me posso queixar, pois é uma honrosa excepção em todos os aspectos); ora se as empresas estrangeiras já estão a recrutar mais quadros portugueses em detrimento dos seus concidadãos, pode significar que se estão a ajustar às práticas das suas congéneres lusitanas, até porque o desemprego em Portugal não lhes passa ao lado. Se a juntar a tudo isto constatarmos que a esmagadora maioria das empresas estrangeiras são portuguesas, que a maior fatia do investimento estrangeiro é português e que nós somos a maior comunidade estrangeira de Angola, então o caminho que o mercado laboral irá tomar ficará ainda mais óbvio. Se será bom ou mau, só o tempo o poderá dizer.

Já que falamos de mercado de trabalho e desemprego não posso deixar de comentar as palavras de Passos Coelho sobre a oportunidade que este pode ser.
Há coisas que podemos pensar e acreditar, mas não devem sair da boca para fora. Eu sei o que é o desemprego e até posso dizer que foi uma oportunidade para sair do país e crescer, mas na situação actual as palavras do nosso PM são de uma leviandade desnecessária e perigosa. Numa sociedade individualista e liberal ficar desempregado não é uma calamidade, pois tal deve-se a algo palpável, e de certa forma controlável, pelos indivíduos, mas numa sociedade socialista, onde tudo é decidido por instâncias superiores e a nível central, onde tudo surge por decisão de um aparelho centralizado, impessoal e distante, onde as decisões focam os grupos em detrimento das partes, a situação de desemprego surge em massa e por força, decisão e vontade de outros. Ora neste cenário as pessoas sabem perfeitamente porque estão desempregadas e, ao invés de se tornarem empreendedoras e activas para melhorarem a sua situação, irão cobrar a sua desgraça a quem dita as políticas centrais, do país ou da UE, que as empurraram para esta situação. E quem planifica as políticas que ditam o destino não pode de forma alguma sacudir as suas responsabilidades desta forma.

Vinhos do Alentejo: as minhas escolhas (10º)

Reguengos DOC Tinto (Reguengos de Monsaraz)


Fresco, jovem e de taninos suaves, que ainda assim mostra bom corpo graças a uma boa escolha de castas. Uma das melhoras compras pela sua sua, quase insuperável, relação preço-qualidade.

terça-feira, 8 de maio de 2012

A raça do alentejano*

Como é um alentejano?
É, assim, a modos que atravessado. Nem é bem branco, nem negro, nem castanho, nem amarelo, nem vermelho.... E também não é bem judeu, nem bem cigano. Como é que hei-de explicar? É uma mistura disto tudo com uma pinga de azeite e uma côdea de pão.
Dos amarelos, herdámos a filosofia oriental, a paciência de chinês e aquela paz interior do tipo "não há nada que me chateie"; dos negros, o gosto pela savana, por não fazer nada e pelos prazeres da vida; dos judeus, o humor cáustico e refinado e as anedotas curtas e autobiográficas; dos árabes, a pele curtida pelo sol do deserto e esse jeito especial de nos escarrancharmos nos camelos; dos ciganos, a esperteza de enganar os outros, convencendo-os de que são eles que nos estão a enganar a nós; dos brancos, o olhar intelectual de carneiro mal morto; e dos vermelhos, essa grande maluqueira de sermos todos iguais.
O alentejano, como se vê, mais do que uma raça pura, é uma raça apurada. Ou melhor, uma caldeirada feita com os melhores ingredientes de cada uma das raças. Não é fácil fazer um alentejano. Por isso, há tão poucos.
É certo que os judeus são o povo eleito de Deus. Mas os alentejanos têm uma enorme vantagem sobre os judeus: nunca foram eleitos por ninguém, o que é o melhor certificado da sua qualidade. Conhecem, por acaso, alguém que preste que já tenha sido eleito para alguma coisa? Até o próprio Milton Friedman reconhece isso quando afirma que "as qualidades necessárias para ser eleito são quase sempre o contrário das que se exigem para bem governar".
E já imaginaram o que seria o mundo governado por um alentejano? Era um descanso...

(*)Recebido via email.

sábado, 5 de maio de 2012

Ir à cidade e não ver as casas

É uma expressão típica que usamos no Alentejo (desconheço se utilizada noutras regiões), para descrever situações em que alguém tomou contacto com determinada realidade, mas nada reteve ou assimilou da mesma. Algo semelhante a "ir a Roma e não ver o Papa".
Ora foi isso precisamente que aconteceu ao Sr. David Lopes Ramos, do Público, quando visitou o Alentejo, mais precisamente a Taberna do Adro em Elvas.
A certa altura damos com esta pérola da sabedoria gastronómica:

"Durante muito tempo, havia pouco mais do que o Fialho, em Évora, que continua pujante na Travessa das Mascarenhas, 16, telefone 266703079; o Águias de Ouro, em Estremoz; ou o restaurante da primeira pousada portuguesa, a de Elvas."

Maior ignorância sobre o Alentejo é impossível e isto num jornal como Público é, no mínimo, vergonhoso.
O Fialho pujante? Só três restaurantes de qualidade? Este comensal anda a dormir. Ou então é daqueles que acham que a qualidade na boa mesa se resume ao Bica do Sapato e ao Tavares.
Caramba, até em Évora há bem melhor, como a Tasquinha D'Oliveira é excelente exemplo. E o Águias de Ouro em Estremoz? Então o que é feito do São Rosas e da Cadeia Quinhentista, esses dois verdadeiros templos de boa gastronomia? E já que fala de Elvas devia saber que A Bolota, esta sim, é o verdadeiro ex-libris da cozinha alentejana. Só aqui entre nós, que ninguém nos ouve: qualquer um destes que referi é melhor que O Fialho.
No final da crónica, depois dos elogios à cozinha alentejana, estraga tudo: bebeu vinho branco. Um Chardonnay de 2006 da Tapada de Coelheiros, boa escolha, sem dúvida, se a refeição fosse peixe ou marisco, coisas que por sinal não abundam na cozinha alentejana. Mas o preço que pagou por essa garrafa (35 Euros), tendo em conta a refeição, é, na minha opinião, dinheiro atirado ao lixo. Pelo mesmo preço provava um Malhadinha Tinto, ou abaixo, e também ele excelente, um Quinta do Carmo Tinto.
Enfim, acho giro esta malta da capital que vem ao Alentejo porque é chique e nem se preocupam em ver as casas, difundindo assim, num jornal nacional, uma imagem completamente errada do que é a região.

Nota: o artigo original do Público é de 2009, mas foi actualizado em 2012, o que é ainda mais grave pois mantêm a ignorância sobre a região, daí o teor do post.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Reduzir pontes num país debaixo de água


Tudo bem. O país já meteu tanta água que a malta é já é nadadora profissional, portanto qual o problema de atravessarmos os rios a nado?

Com tanto iluminado a mandar bitaites para resolver isto em três tempos, depois das responsabilidades que teve no estado do país, como foi possível chegarmos aqui?

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Surreal


O circo continua com o requerimento pelo BE e PCP para a audiência parlamentar do Ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, a fim de explicar a polémica do Pingo Doce. Não sei se estão a ver o esquema: primeiro cria-se a polémica e depois pede-se a alguém, que não é visto nem achado, que a explique...

Como brinde vem a ministra, mais socialista do CDS, Assunção Cristas, afirmar com toda a candura que a campanha da JM só mostra que os retalhistas têm margem para suportar a nova taxa alimentar e que o governo prepara legislação para evitar "promoções inesperadas". Claro que enquanto a carga fiscal não for de 100% há margem para tudo o que a imaginação atinja.

Crescimento económico? Com estas mentalidades nem daqui a 30 anos...

PS: diz-se que um pobre é tão azarado que até o pão cai ao chão sempre com a manteiga para baixo. A minha terra natal - Elvas - é tão azarada, de pobre que é, que nem tem Pingo Doce para usufruir de campanhas como a de ontem.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Nunca um Pingo foi tão Doce

Assisto atónito à "loucura" que, ao que consta, foi a campanha do Pingo Doce para o 1º de Maio.

Parabéns à Jerónimo Martins pelo golpe de génio.
Como se diz no Alentejo, caíram todos que nem tordos: os que se indignaram pelo Sr. Soares dos Santos "fugir" para a Holanda, os que clamam contra o grande capital, os reaccionários que apelavam à manifestação no dia do trabalhador, os que clamam por mais regulação, pelo fecho dos supermercados nos feriados e domingos, etc. E o povo saiu a ganhar.
Deu também para tirar uma fotografia à(s) nossa(s) crise(s).

No fim disto tudo ainda é preciso um desenho para a malta perceber o bem que faria ao país um pouco de liberdade económica? Ou ASAE já está com as garras de fora à porta da Jerónimo Martins?

Não acreditar nas pessoas, mas fazer com que elas acreditem em nós

Vivemos tempos de incerteza, escuridão, calcorreando trilhos sem certeza da direcção, apalpando paredes que nos sirvam de sustentáculo, aspirando por uma luz que teima em não se acender. Nunca o mundo parece ter sido tão frenético e tão parado ao mesmo tempo.
Mergulhados numa espiral recessiva todos suplicamos pelo verdadeiro milagre, que dá pelo nome de crescimento económico, o qual por sua vez afastaria o malfadado desemprego.
Seguro com a insegurança que se lhe conhece apela mais uma vez para que todos aceitem as suas propostas para o crescimento e emprego. Não sabemos quais são, temos no entanto a certeza que devem, ou deviam, ser diferentes daquelas que nos foram apresentadas pelos governos socialistas dos últimos 15 anos e que tão proveitosos resultados deram, como atesta a nossa situação actual.
Enquanto uns tentam que, pela primeira vez na nossa democracia, sejam outros a criar riqueza, que é como quem diz o povo, há quem insista na velha e "infalível" receita do crescimento por Decreto. Publique-se, endividemo-nos e cresçamos em direcção ao progresso. Não falha. E o povo gosta. Apesar do PS não gostar do povo, excepto para votar. Uma política que defende uma economia planificada, centralizada, controlada (ou devemos dizer estimulada?) pelo Estado, onde este joga desigualmente com indivíduos que lutam pela sobrevivência é uma política que não gosta das pessoas, que não acredita nelas, pois afinal estas certamente são seres descerebrados que necessitam orientação superior que os guie e oriente em direcção ao progresso e desenvolvimento.
Há quem pelas nossas ruas ainda pergunte como foi possível chegarmos a este estado de coisas. Numa economia que não acredita nas pessoas e onde tudo é decido por sua eminência o Estado é fácil sabermos como aqui chegámos. Pergunte-se a quem dirigiu, quem planificou, quem estimulou, quem apoiou, quem subsidiou. No entanto a pedra no sapato, o calcanhar de Aquiles disto tudo é que há quem suplique por ser apoiado e estimulado, ignorando, quiçá, que entrega de bandeja a sua liberdade de escolha no caminho a trilhar para o sucesso, pois se falhar nesse caminho sempre pode atirar as culpas para outro: quem o estimulou e apoiou.
Hoje é dia do Trabalhador e não vejo data mais idónea para constatarmos que se os apoios e estímulos ao nosso trabalho serviram para três bancarrotas em 38 anos de democracia, talvez seja hora de exigirmos que nos deixem caminhar pelos nossos próprios pés. Seria a maior prova de que acreditam em nós.