sábado, 28 de abril de 2012

Coisinhas boas do Alentejo: os vinhos

Aproveitando o apelo do nosso Presidente no discurso deste 25 de Abril irei falar aqui de algumas das muitas coisas boas que o nosso país tem, mais concretamente a minha região natal: o Alentejo.
Falar de Alentejo é falar de vinho e falar de vinho é falar de tinto (que me desculpem os apreciadores mas não consigo ver o vinho branco senão como um "refresco"). Se a região ainda não atingiu o mediatismo do Douro (o qual, quer queiram quer não, anda à boleia do Vinho do Porto), em termos de qualidade não lhe fica nada atrás, tendo a vantagem de ter ainda uma grande margem de evolução pela frente podendo afirmar-se a médio prazo como a região vinícola por excelência. Reconhecimento nacional e internacional não lhe tem faltado para provar isso mesmo, assim como o crescente interesse nos media como a internet.
Se há umas décadas atrás a região era conhecida pelos vinhos de Borba e Reguengos de Monsaraz, provavelmente as duas sub-regiões mais conhecidas, hoje o cenário é completamente diferente e é possível encontrar verdadeiros néctares em Évora, Portalegre, Estremoz ou Beja, pelo que a divisão em sub-regiões não faz hoje muito sentido, sendo mais lógico ver a região como um todo apesar das diferenças em cada uma delas. Cabe de tudo um pouco pela região sem nunca perder as características tão próprias de um vinho Alentejano: subtil, aromático, encorpado, complexo, etc. Dos jovens aos reservas a qualidade está mais que assegurada, residindo a dificuldade unicamente na escolha. Aquecidos pelo sol abrasador e inclemente do Verão, contrabalançados pelos Invernos gelados e secos os seus solos produzem verdadeiras obras de arte com as suas tão afamadas castas. Uma das combinações mais felizes no mundo dos vinhos mora aqui, com a Aragonez, Trincadeira e Alicante Bouschet (esta última uma das poucas estrangeiras que alcançam na região os melhores resultados do solo nacional, tal como a Syrah e a Cabernet Sauvignon). Se a isso juntarmos uma gastronomia de eleição, então o casamento é perfeito! Julgo que é precisamente esta diversidade que confere uma riqueza muito especial e competitiva à região, que no entanto não está ainda devidamente capitalizada com políticas e estratégias comuns (como existem por exemplo no Douro), mas este é ainda um sector em amadurecimento, que tem, como já referi, uma grande margem de evolução, mas dá já sinais de vir a dar grandes alegrias à região e ao país como provam os números das suas exportações.
Em jeito de sugestão publicarei em breve uma série com as minhas escolhas pessoais, os meus 10 Vinhos preferidos do Alentejo. Até lá, bons copos!

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Regresso das férias e um aniversário agridoce

As férias já lá vão e Luanda é novamente a minha "casa".
Impressões das mesmas? Não muito boas, para dizer a verdade. Um país deprimido, parado, atónito e sem a mais ténue luz ao fundo do túnel. Políticos sem rumo (ainda a discutir a importância do 25 de Abril?! Tenham juízo!) e um povo a tentar sobreviver.

E assim de repente reparei que em Abril cumpri 5 anos em Angola.
Cinco anos a ver o meu país ao longe e em queda livre, ao mesmo tempo que por aqui as coisas estão em clara ascensão. No mínimo agridoce. Mas, por enquanto, é o que há.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

De visita a casa


A partir de hoje estarei por aqui.
O mesmo será dizer que em férias.


Uma Santa Páscoa a todos.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

A esquizofrenia africana

África é um velho continente de jovens países, muitos deles ainda na infância se os compararmos em termos de longevidade, enquanto nações, com a velha Europa, daí que ainda procurem uma identidade, um rumo, um caminho.
Quem conhecer esta realidade, principalmente pelas suas características políticas e económicas, sabe bem que assim é, pois só mesmo neste continente se pode ser anti-imperialista e adepto do mercado livre ao mesmo tempo. Não é de todo fora do comum vermos o liberalismo andar de mãos dadas com socialismo. Como prova atente-se no post de Sanou Mbaye (economista senegalês) no blog do El País, África no es un país, publicado no passado dia 30 de Março com o sugestivo título "África ao socorro de África". Destaco algumas passagens:

"Los países del continente deben liberarse de la imposición de los mercados para unirse al campo de la resistencia al capitalismo salvaje y belicoso de los adeptos a la vigente versión neoliberal de la mundialización. Será dentro de la Unión Africana donde los países del continente, agrupados y solidarios, pueden aceptar este desafío, favoreciendo una política de regionalización previa a la unificación del continente y al nacimiento de los Estados Unidos de África"

"Nada más alejado del africano que el mercantilismo en el que todo está sujeto a las leyes del comercio"

"Este desfase cultural se aprecia también en la actitud de los empresarios chinos en África, que no entienden el comportamiento de sus asalariados, que se niegan a hacer horas extraordinarias, prefiriendo la compañía de su comunidad a un excedente de dinero."

"Esta situación puede permitir la creación de decenas de millones de empleos en el mundo durante las décadas futuras para restaurar esos desequilibrios. Este objetivo debe crear los fundamentos de una auténtica cooperación entre la Unión Africana, los Estados miembros y la comunidad internacional."

"Es ya el momento de que los africanos se liberen de su alienación, pongan fin a sus divisiones y reivindiquen su espíritu empresarial."

Creio fantástico como podemos condenar algo e ao mesmo tempo defende-lo.
Neste caso Mabye comete a proeza de criticar o capitalismo selvagem, neoliberal (não podia faltar a palavra mágica) e a globalização, ao mesmo tempo que defende exactamente o mesmo, mas só dentro das fronteiras na União Africana. Segue por aí fora criticando até o modelo capitalista da China, para depois constatar que só a cooperação entre a União Africana e a comunidade internacional pode corrigir os desequilíbrios no mundo... Já para o final coloca a cereja em cima deste bolo deveras confuso, apelando ao espírito empresarial dos africanos, quando ao inicio do texto explicava que nada mais longe dos africanos do que o mercantilismo, em que tudo esteja sujeito às leis de mercado!
Quem escreveu aquelas linhas, não é um qualquer, é um antigo executivo do Banco Africano de Desenvolvimento e editor do Le Monde Diplomatique. Portanto vejamos a ambiguidade e gravidade da coisa, pois com tamanha esquizofrenia ideológica, bem podem os africanos criticar à vontade o capitalismo, o neoliberalismo e outros "ismos", que África continuará entretanto sem soluções, mas mais grave ainda sem ideias, que é  o que este post prova claramente, se dúvidas houvesse, e que nos deve deixar a todos deveras preocupados. Quando queremos estar no rumo certo só há um caminho, agora tentar agradar, política e economicamente, a gregos e troianos, é que não será certamente a melhor opção. Assim como criticar o baixo investimento estrangeiro num continente com graves insuficiências de água, energia e redes de transportes, mas ao mesmo tempo altos índices de corrupção é, no mínimo, hipócrita. Ou então Mbaye no comodismo de Londres há muito que não visita África.

domingo, 1 de abril de 2012

Bloco de cortesia

Reparei no outro dia que este meu texto fora transcrito no site do Bloco de Esquerda de Elvas, tal como já fora noutros blogues e até no jornal lá da terra.

Onde a porca torce o rabo é que tal como aparece no site do Bloco não há uma única referência à origem do texto, ao seu autor, um link, nada de nada e para cúmulo o texto surge "colado" no seguimento de uma crítica à edilidade Elvense e lá para o final ainda alteram uma outra palavra. Muito cortês, sem dúvida...
Quem ler o site do bloco conhecendo o original fica com uma de duas possíveis e erradas interpretações: o autor deste blogue plagiou ou pertence ao bloco.

Assim não resisto a perguntar: soubesse o Bloco de Elvas que o autor deste blogue rema à direita e é um "malvado" liberal, teriam publicado o referido texto?