domingo, 20 de março de 2011

Deixem trabalhar quem quer

Olhado ao longe Portugal parece hoje uma casa sem rei nem roque.
As notícias vêm em cataupa, na tv, jornais, blogues, de todas as formas possíveis e imaginárias, tantas que é deveras difícil fazer uma esboço claro da situação actual. Cheira a fim de regime, a mudança de ciclo, patente nos discursos desconexos de quem (des)governa e na postura de futuros governantes de quem tem assento na oposição, ao mesmo tempo que a sociedade civil vai mostrando claros sinais de desgaste, que tardam no entanto em revelar a sua verdadeira face de completa insatisfação, tal a estóica capacidade de sofrimento do povo português.
Nascido e criado numa região onde as oportunidades não surgem, e onde tudo simplesmente existe devido à generosidade do Estado, (Escolas, hospitais ou tribunais vão mantendo postos de trabalho até que o défice fale mais alto) impressiona-me a insistência do povo em manter tudo como até aqui, continuando a exigir que esse mesmo Estado que se arroga generoso, dando pouco mais que nada a troco de muitos impostos, seja o garante de emprego e prosperidade.
No Alentejo existem locais, referidos no mapa de Portugal, apenas porque lá existe uma Câmara Munícipal, que na maioria das vezes é o maior empregador e maior cliente dos (poucos) privados. Estas autarquias monopolizam por completo as economias locais, fazem tudo e todos depender delas directa ou indirectamente, além de deterem poderes e instrumentos absolutamente pérfidos capazes de condiccionar, anular ou mesmo negar qualquer investimento privado. Além disso são peritas em medidas e programas de combate ao desemprego, contra os quais privado algum consegue competir, e que nunca resolvem o problema, apenas adiam a sua solução.
Se vivemos uma época de mudanças espero sinceramente que os povos destas terras onde nada acontece, no Portugal profundo, compreendam de uma vez por todas que deles depende a prosperidade e desenvolvimento, assim o Estado a que eles tanto exigem, o permita e não atrapalhe como até aqui. Já passou tempo demais para compreendermos que o modelo tem de mudar, não podemos continuar a insistir na tecla que nos trouxe até aos dias de hoje. Como sempre ouvi dizer lá em casa: deixem trabalhar quem quer.

2 comentários:

Anónimo disse...

Palavras certas para certas câmaras.Estão mesmo a chegar ao fim.Foram não só anos perdidos, mas prejudiciais; e atrevo-me a dizer irreparáveis para muitos.E ao que vejo Elvas está como o resto do país

André Miguel disse...

Caro anónimo,
Ao contrário do que muita gente pensa, um ano perdido não equivale a um ano "parado", mas sim a vários de retrocesso.
Temos muito trabalho pela frente.