sábado, 26 de outubro de 2013

A inconstitucionalidade da crise

A grande conclusão a tirar da crise que o país atravessa é que é inconstitucional Portugal estar em crise.
Trabalho, liberdade e sobretudo dinheiro, são coisas de somenos importância, pois desde que estejam escritas são coisas adquiridas e ponto final. Se está na Constituição temos direito à coisa e mais nada, o governo que se desenrasque mas tem que nos dar o que está no papel. Pelo menos a discussão está aí e pode ser que finalmente o povo comece a ver a dura realidade de ter um texto a reger os destinos do país no qual promete mundos e fundos, mas não assegura como se conseguem tantos direitos e garantias e que, por outro lado, apenas garante aumentos de dívidas e impostos. Atirar o país para a falência não é inconstitucional; somos peritos, tanto que já o fizemos três vezes em três décadas.
No meio do fumo que a casa em chamas está a largar esquecemos o essencial: a Constituição jamais devia dar por adquirido aquilo que deve ser conquistado, que deve ser merecido, mas sobretudo, o que custe dinheiro, pois pelo Estado o que é dado a alguém é tirado e a única forma de garantir isto é assegurando as liberdades individuais e limitando os abusos de poder. Sem deveres não há direitos. O respeito por estes princípios elementares é quanto bastaria a Portugal para sair do atoleiro em que está metido.

Leitura recomendada, no Insurgente, sobre a "implosão constitucionalíssima" que se avizinha: aqui, aqui e aqui.

2 comentários:

Kruzes Kanhoto disse...

É incrível como ainda continuamos em estado de negação.E pior, a existência de tanta gente a idolatrar o animal que nos conduziu a isto.

André Miguel disse...

Sem dúvida Kruzes! Isso é mesmo o mais preocupante... Não aprendemos nada com o passado.