domingo, 22 de maio de 2011

O agridoce sabor da saudade

Diz-se que a saudade é, porventura, o mais português dos sentimentos, o que nos tornará, quicá, num povo que vive a valorizar aquilo que já não possui.
Nunca fui um saudosista, facilmente me adapto a novas circunstâncias e não me prendo muito às pessoas, sendo facilmente rotulado de "desligado". Talvez devido a uma infância vivida de mala às costas devido à profissão do meu pai, onde só na adolescência assentei na terra natal, aprendi a viver sem criar raizes profundas. Contribuiu também muito para isso o facto de nunca me ter adaptado realmente à minha cidade, esta sempre me pareceu demasido pequena, sufocante, oprimida e mesquinha ao ponto de não nos deixar crescer. O Alentejo não é, ainda, para quem tem vistas largas, região com quase tudo para ser o paraíso, faltam-lhe habitantes à altura...
Como quem procura sempre encontra, a vida fez-me a vontade e, depois de uns anos no outro lado da fronteira do Caia, lá me atirou para bem mais longe do que jamais julguei imaginar, para onde nada nos faz lembrar a nossa terra além da lingua. Até encontar um habitante das terras Além Tejo é tarefa ingrata por estas bandas, tal a profusão de alfacinhas e tripeiros (não sei se há relação entre isto e o desenvolvimentos das nossas regiões, mas a concidência é intrigante). Mas aqui pelo menos crescemos, desenvolvemo-nos e aprendemos que há vida para lá de Lisboa. O mundo não é mais o mesmo e os horizontes alargam-se. Aqui encontrei a realização que me faltava na minha terra natal.
Mas nós lançamos raizes na terra que pisamos pela primeira vez quando vimos ao mundo. E a minha foi o Alentejo. As terras onde nada se passa e onde os jovens não têm espaço. No entanto por muito curtas que as raizes sejam elas estão cá, prontas para voltarem a ser plantadas aquando do regresso. Aconteça ele quando acontecer.

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