sábado, 28 de maio de 2011

Alentejo "ignorado" nas 7 Maravilhas da Gastronomia

Não vejo o porquê, simplesmente porque não vejo a credibilidade de um evento que reduz a variedade e riqueza gastronómica nacional a 7 pratos. Mas enfim...
Os organizadores que fiquem lá com as 7, que nós Alentejanos temos muitas mais e quem disso discordar aconselho visitar alguns dos verdadeiros templos da gastronomia nacional como o Fialho, o Tomba Lobos, a Bolota ou o Pompílio. Não os conhecer é permanecer ignorante quanto a uma das maiores maravilhas do Alentejo e de Portugal.
Visitem, deliciem-se e depois falamos. E aproveitem os melhores vinhos do país!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

A campanha vista à distância?

Deprimente, triste e terceiro mundista.
Festas, festarolas, almoços, jantaradas, beberetes, confetis, bandeiras, bandeirolas, abraços, beijinhos, gritos, berros, insultos, agressões, acusações, etc, etc, etc...

Campanha? Mas qual campanha? Num país de pacóvios e labregos a campanha dos nossos políticos não é mais que um incentivo a essa tão nossa característica e um valente elogio à continua estupidificação colectiva do país.

Diz-se que em África o povo vota com a barriga, não em quem lhe prometa melhorias, mas naquele que, à priori, não piore o estado das coisas. Em Portugal, hoje, passa-se exactamente a mesma aberração. Não se pede o voto porque "A" faça melhor, mas porque "B" fará bem pior.
A isto eu chamo regredir.
Estamos cada vez menos a sul da Europa e mais a Norte de África.

domingo, 22 de maio de 2011

O agridoce sabor da saudade

Diz-se que a saudade é, porventura, o mais português dos sentimentos, o que nos tornará, quicá, num povo que vive a valorizar aquilo que já não possui.
Nunca fui um saudosista, facilmente me adapto a novas circunstâncias e não me prendo muito às pessoas, sendo facilmente rotulado de "desligado". Talvez devido a uma infância vivida de mala às costas devido à profissão do meu pai, onde só na adolescência assentei na terra natal, aprendi a viver sem criar raizes profundas. Contribuiu também muito para isso o facto de nunca me ter adaptado realmente à minha cidade, esta sempre me pareceu demasido pequena, sufocante, oprimida e mesquinha ao ponto de não nos deixar crescer. O Alentejo não é, ainda, para quem tem vistas largas, região com quase tudo para ser o paraíso, faltam-lhe habitantes à altura...
Como quem procura sempre encontra, a vida fez-me a vontade e, depois de uns anos no outro lado da fronteira do Caia, lá me atirou para bem mais longe do que jamais julguei imaginar, para onde nada nos faz lembrar a nossa terra além da lingua. Até encontar um habitante das terras Além Tejo é tarefa ingrata por estas bandas, tal a profusão de alfacinhas e tripeiros (não sei se há relação entre isto e o desenvolvimentos das nossas regiões, mas a concidência é intrigante). Mas aqui pelo menos crescemos, desenvolvemo-nos e aprendemos que há vida para lá de Lisboa. O mundo não é mais o mesmo e os horizontes alargam-se. Aqui encontrei a realização que me faltava na minha terra natal.
Mas nós lançamos raizes na terra que pisamos pela primeira vez quando vimos ao mundo. E a minha foi o Alentejo. As terras onde nada se passa e onde os jovens não têm espaço. No entanto por muito curtas que as raizes sejam elas estão cá, prontas para voltarem a ser plantadas aquando do regresso. Aconteça ele quando acontecer.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Em bom "alentejanês" para ser fácil de perceber

Porra pá! O país na bancarrota e ninguém discute, ninguém questiona, ninguém fala do que realmente interessa?
Mas que merda de mania é essa de discutir pessoas e não ideias?
Em vez de andarem em campanha a mandar bocas pirosas não deviam andar a esclarecer as pessoas sobre como sair do fosso?
E os nossos jornalistas não deviam informar em vez de opinar? Para opinar e dizer disparates já temos as conversas de taberna, que sempre são mais animadas com um tintol a acompanhar!
E que raio têm as pessoas na cabeça para ainda apoiarem quem nos faliu?
Se quem nos desgovernou for reeleito, quem para isso contribuiu que receba o dobro daquilo que merece e merece tudo o que lhe cair em cima (que será pesado!).
Puta que pariu esta merda pá!
Dassss… estão com a corda no pescoço e não se enxergam. É o país que está em causa pá!

sábado, 14 de maio de 2011

Já nem a Fundação Alentejo faz pelo Alentejo?

Mais uma machadada na minha já paupérrima cidade natal, que acaba de saber que irá perder o seu pólo da EPRAL.
A justificação é simples: faltam formandos. Para bom ententedor: não tem viabilidade económica. Não sou daqueles que acreditam em forças ocultas contra o interior do país, pois cada um tem aquilo que merece e o interior recebe aquilo pelo que faz. Elvas já perdeu instituições como a Maternidade, Instituto de Reinserção Social, PT, EDP, Tribunal Militar ou o Regimento de Infantaria, simplesmente porque a cidade tem vindo a perder viabilidade. Os elvenses encostaram-se a nuestros hermanos julgando que, como há 20 anos atrás, estes continuariam a alimentar a cidade com as suas compras e almoçaradas de fim de semana, como tal adormeceram sobre o benefício e não fizeram pela vida. A cidade perdeu competitividade, o tecido empresarial não se modernizou e a economia definhou, como resultado perde-se poder compra e população qualificada que procura melhor destino. É um ciclo vicioso do qual todo o Alentejo padece. Os elvenses alimentaram, ainda, o sonho de que a auto-estrada A6 Lisboa-Madrid lhes traria o El Dorado, mas esqueceram-se que todas as estradas têm dois sentidos, podemos chegar mas também partir... E ainda queriam o TGV.
O facto da cidade ser governada por um socialista há 18 anos (dezoito!), que transformou a Autarquia na maior entidade empregadora do concelho e parece ter um ódio de estimação por tudo o que queira criar riqueza, também não ajuda. Mas isso são contas de outro rosário que dão pano para mangas.
A Fundação Alentejo faz muito pela região, mas infelizmente não faz milagres.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Portugal ou a República Socialista Portuguesa

O Fredi chegou a Luanda, vindo de Cuba, há pouco mais de quatro meses.
Diz que uma pessoa deve estar onde está o dinheiro e que Cuba, como toda a gente sabe, é algo que não tem. Em conversa contava-me as agruras de uma vida de trabalho com poucos benefícios, além da saúde e educação gratuitos, que se traduzia numa luta constante para sustentar a família. A maioria dos seus amigos estão no estrangeiro. Vai daí aceitou de bom grado um convite de um compatriota, em Angola há varios anos, para vir para cá trabalhar.

- Sabias que em Cuba a burocracia é tanta que até para fazeres obras na tua própria casa tens que pedir um sem fim de autorizações, licenças e pagar uma séria de taxas?
- Imagino. Olha que em Portugal não é muito diferente, temos procedimentos semelhantes.
- A sério?! Mas pelo menos a economia esta melhor, não é como lá que está quase toda nas mãos do Estado.
- Define melhor... Temos lá o FMI...
- Vocês têm iniciativa privada e concorrência.
- Mais ou menos. Não sei se sabes mas o Estado Português tem o monópolio de sectores como a energia, comunicações e transportes através de empresas públicas.
- Não me digas?! Não acredito.
- Acredita pois.
- Mas têm iniciativa privada e não são castigados, como nós, com impostos altíssimos se queremos ter a nossa empresa.
- Em Portugal o Estado fica com cerca de metade dos lucros da empresas à custa de impostos e outras contribuições.
- E não têm saúde nem educação gratuitos, pois não?
- Não.
- Então creio que já percebi porque estão em crise...

Qualquer um percebe.
Excepto os Portugueses que cada vez mais parecem querer uma República Socialista Portuguesa.

domingo, 8 de maio de 2011

E você já comeu fruta hoje?




Saborosa e cheia de Vitamina C é a ideal para reforçarmos as nossas defesas para os tempos difíceis que se se avizinham.

sábado, 7 de maio de 2011

Crónica sobre quatro anos no reino da Rainha Ginga (que é como quem diz Angola)

Escrevo estas linhas prestes a cumprir exactamente quatro anos da minha chegada a Angola.
Movido por um lóbi pessoal deixei as plácidas planícies alentejanas e embarquei, por acaso, na grande aventura do novo El Dorado lusitano. Angola dava então o maior boom económico no mundo. Tudo estava por fazer e Luanda era uma babilónia fervilhante de vida, caótica, agitada, sobrelotada, com os negócios a surgirem por tudo e nada, feitos por gente dos quatro cantos do mundo e com dinheiro a circular a rodos. Muitos dos nossos empresários atiraram-se literalmente de cabeça, julgando aqui encontrar o pote com ouro logo após o arco-íris, havendo até a impressão de que quem não visitasse Luanda não se podia considerar empresário. Muitos nada planificavam, nada estudavam e pareciam até julgar que os dólares surgiam dos buracos nas estradas, dos geradores a fumegar por falta de energia da rede ou das torneiras de água secas durante dias a fio. Pagar 10 mil dólares mensais pelo escritório, mais 5 mil pelo apartamento não eram problema, afinal algum negócio fácil acabaria por surgir, até porque os contentores com mercadoria há 30 dias ao largo na Baía de Luanda, sobrelotada de navios à espera da sua vez para atracar, estavam já vendidos.
Mas ao mesmo tempo que as estradas começaram a ficar sem alguns buracos, a energia eléctrica começava a ser mais constante e a água pingava timidamente das torneiras, os bancos começaram a questionar as transferências para o estrangeiro, a baía começou a ficar descongestionada, os navios a atracar com mais celeridade, o número de estrangeiros a diminuir e as obras a abrandar o ritmo. O que parecia uma boa notícia não era senão um pré-alerta para o que estava a chegar. De um dia para o outro, o horror: os dólares acabaram. O mundo, afinal, era muito maior que Luanda e os ventos de lá fora sacudiram o El Dorado com violência, pois chegara a factura pelas dificuldades de financiamento devido à crise internacional e consequente baixa do preço do petróleo. Só às construtoras a coisa atingira uns estonteantes 5 mil milhões de euros. Os Angolanos descobriam de um momento para o outro que afinal o petróleo não mata a fome e os Portugueses que não há almoços grátis, principalmente na Ilha de Luanda onde nunca custam menos de 100 dólares por pessoa. O pior é que o preço do escritório e do apartamento não baixou, os buracos não se taparam todos, a energia continua a falhar e a água ainda só pinga na torneira; lidar com isto e com facturas por pagar não é para todos.
Angola não é para quem quer, nem para quem pode: é para quem consegue. Se as empresas precisam de uma confortável almofada financeira e de um prolongado estudo de mercado, os cidadãos estrangeiros precisam de um bom “poder de encaixe”, que lhes permita não fugir daqui a sete pés após os primeiros 15 dias (costuma-se ouvir que este país é para homens de barba rija e mulheres com pêlos nas pernas). A crise, pelo menos aqui e como deviam ser todas, foi positiva. Limpou o mercado, pois aguentaram-se à tona apenas aquelas organizações que tinham a melhor embarcação para esta incerta aventura que está, sem dúvida, mais tranquila, com as melhores previsões a concretizarem-se.
Há quatro anos meus pais e amigos criticaram a minha decisão, pois deixava um novo projecto, em Espanha, para uma aventura em terreno incerto. O mundo não muda muito numa semana, como dizem os nossos políticos, mas em quatro anos muda o suficiente para que o terreno incerto esteja agora em casa, de tal modo que quem lá ficou elogia já esta viagem, ao ver cada vez mais aviões partirem da Portela com jovens em busca de melhor sorte. Tanto assim é que, infelizmente, ainda não sabemos quantos mais anos teremos que somar a estes quatro que agora se cumprem.

(Publicado também aqui, por Delito de Opinião, graças ao gentil convite do Pedro Correia)

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Sobre a morte de Bin Laden

Onde pára o orgulho bacoco norte-americano de exibir os seus troféus de guerra?
Uma execução sumária ordenada por um Nobel da Paz?
O corpo do inimigo n.º 1 dos polícias do mundo atirado ao mar?

Estou tentado a não acreditar.

domingo, 1 de maio de 2011