O Fredi chegou a Luanda, vindo de Cuba, há pouco mais de quatro meses.
Diz que uma pessoa deve estar onde está o dinheiro e que Cuba, como toda a gente sabe, é algo que não tem. Em conversa contava-me as agruras de uma vida de trabalho com poucos benefícios, além da saúde e educação gratuitos, que se traduzia numa luta constante para sustentar a família. A maioria dos seus amigos estão no estrangeiro. Vai daí aceitou de bom grado um convite de um compatriota, em Angola há varios anos, para vir para cá trabalhar.
- Sabias que em Cuba a burocracia é tanta que até para fazeres obras na tua própria casa tens que pedir um sem fim de autorizações, licenças e pagar uma séria de taxas?
- Imagino. Olha que em Portugal não é muito diferente, temos procedimentos semelhantes.
- A sério?! Mas pelo menos a economia esta melhor, não é como lá que está quase toda nas mãos do Estado.
- Define melhor... Temos lá o FMI...
- Vocês têm iniciativa privada e concorrência.
- Mais ou menos. Não sei se sabes mas o Estado Português tem o monópolio de sectores como a energia, comunicações e transportes através de empresas públicas.
- Não me digas?! Não acredito.
- Acredita pois.
- Mas têm iniciativa privada e não são castigados, como nós, com impostos altíssimos se queremos ter a nossa empresa.
- Em Portugal o Estado fica com cerca de metade dos lucros da empresas à custa de impostos e outras contribuições.
- E não têm saúde nem educação gratuitos, pois não?
- Não.
- Então creio que já percebi porque estão em crise...
Qualquer um percebe.
Excepto os Portugueses que cada vez mais parecem querer uma República Socialista Portuguesa.