Mais tarde ou mais cedo tinha de acontecer. A curiosidade é mais forte e quem tem uma paixão quer explorá-la plenamente, por isso é oficial: sou um blasfemo e herege que bebe e aprecia outras latitudes.
Defensor apaixonado dos vinhos alentejanos, que considero, cada vez mais sem sombra de dúvidas, os melhores do mundo, resolvi conhecer o que se bebe por esse mundo fora. O facto de morar paredes-meias com nuestros hermanos ajudou, pelo que aqui há uns anos já tinha provado alguns dos seus exemplares, mas infelizmente a coisa não correu lá muito bem, era difícil encontrar boa pinga; hoje o panorama é diferente e o patinho feio que era a Extremadura/Ribera del Guadiana tem alguns dos melhores néctares do país vizinho.
Do outro lado Angola foi o empurrão desta descoberta. Quando cheguei a Luanda, há sete longínquos anos, os únicos que conseguíamos encontrar eram Monte Velho e o (intragável) Porca de Murça. Hoje o cenário é completamente diferente, o mercado evoluiu, é mais cosmopolita, pelo que, apesar dos alentejanos dominarem, nos melhores supermercados e restaurantes da cidade encontramos grandes vinhos de latitudes tão díspares como a África do Sul, Austrália, Chile ou Estados Unidos. Como o preço dos mesmos fica bem abaixo dos meus conterrâneos alentejanos (porque será?) um tipo pensa: e porque não?
Destes países vêm alguns dos néctares que aqui apresentarei numa série dedicada ao tema.
Imagem: vinhas na região de Stellenbosch na África do Sul (via wikipedia).