É às 7h da manhã. Às 10h. Tem que passar para as 12h. Não dá, tem que ser às 15h. Também não dá. É já amanhã. É depois. Depois também não dá. É para semana. Ainda não está pronto, falta uma peça. Para a semana, yah chefe?
É o trânsito, é o carro, é o chefe, é a mulher, é a tia, é a prima, é o cão, é o gato. Amanhã logo às 7h, chefe!
Sexta-feira. Passam as 7h, chegamos às 8h, passam as 9h. Daqui a 30 minutos. Passam mais duas horas.
Pelas 13h interrompo o almoço e lá começam a olhar para o gerador. Às 17h está pronto. Testa uma vez, testa duas, testa três, funcionou sempre.
23.30h, sala de estar, no sofá entusiasmadíssimo a ver um filme. O bairro inteiro mergulha na escuridão. Foi-se a energia eléctrica. Roda-se uma vez o botão, roda-se duas, o gerador não arranca. Amanhã às 7h chefe!
Sábado. Passam as 7h, chegamos às 12h, passamos para as 14h. Um simples botão no gerador que não devia estar pressionado. Inspira fundo. Testa uma vez, testa duas, testa três, arrancou sempre. É desta!
Domingo pelas 16h. Vai-se a televisão e pára a música no quintal do lado. Outra vez sem energia. Roda o botão uma vez, roda duas: o raios-partam-o-gerador não quer arrancar. Sem energia eléctrica até às 20.30h...
Definitivamente este país não é para quem quer, é para quem consegue.