O actual governo não serve, pronto. O povo saiu à rua, os senadores da nação falaram, os jornalistas escreveram, os comentadores comentaram e é ponto assente: este governo não serve.
Da mesmo forma que outro também não serviria. Guterres não servia, Durão não servia, Santana nem se fala, mas Sócrates até era fixe. E quem vier depois deste governo certamente vai lançar saudades de PPC. É infalível; a lusitana saudade adoça sempre o passado. E pessimistas como somos a coisa atinge níveis próximos da patologia, já que o imediato é tudo, o longo prazo não existe e o resultado final, não se vislumbrando, não existe. Em Portugal parece que nos importamos mais como o campeonato começa do que como acaba. Vai daí tomar medidas não é para qualquer um, procuramos um resultado futuro mas sem prejudicar os efeitos imediatos. Adoramos a equidade (seja lá o que isso for), pois temos que agradar a gregos e troianos. E toda a gente opina, toda a gente comenta, todos sabem como sair da crise, todos governam (é Tribunal Constitucional, é Conselho de Estado...), mas não nos sabemos governar e já pedimos ajuda três vezes.
Ora corta subsídios, ora não corta subsídios, ora privatiza RTP ora não privatiza, ora mexe na TSU ora já não mexe na TSU... Bem sei que por vezes é necessário dar um passo atrás, para de seguida dar dois em frente, mas Portugal além de dar o passo atrás (empobrecendo ou limitando-se à sua real condição), já anda em zig-zag, o que talvez seja mais perigoso, pois com tanta curva e contra-curva a malta acaba ainda mais desorientada e corremos o risco de despiste.