(Imagem via net)
Nada como uma má notícia para a mesma se gravar a ferros na memória, quanto pior mais tempo perdurará, pelo contrário podemos ouvir dezenas de boas novas que imediatamente as descartamos para um qualquer canto obscuro do inconsciente. Sempre assim foi e sempre assim será.
Freud explica alguma coisa, mas foram Bandura e Skinner que demonstraram até que ponto isto nos pode levar, pelo que, numa época em que a economia domina o debate público, seria útil fazermos uso de outros ensinamentos para sairmos do buraco em que estamos metidos. As variáveis externas ao individuo serão úteis como descritivo da realidade em que vivemos, mas ignorando os propósitos, motivações, forças e fraquezas do mesmo dificilmente teremos todas as respostas. E por isso o socialismo pode já reclamar pelo menos uma vitória: a de diminuir o individuo em prol de um bem comum, de toda a sociedade, essa entidade heterogénea onde todos são diferentes; é a vitória do todo sobre as partes. Convêm por isso recordar aos mais distraídos que as eras mais negras da História da Humanidade surgiram quando o homem deixou de ser o centro do universo, precisamente quando algo, supostamente, superior se sobrepôs ao mesmo.
É por isso que li, como uma lufada de ar fresco, o artigo de opinião de Milagros Oliva, este domingo, no El País: "Contribuyen los medios a la crisis?".
Esta brilhante tirada é lapidar:
"Solo hay que observar la gran cantidad de organismos públicos y privados que emiten informes de predicción. Pero la profusión informativa de este tipo de datos fomenta la angustiosa necesidad de saber qué ocurrirá, de anticiparse a los acontecimientos. Con ello contribuimos al secuestro del presente por un futuro incierto que no es seguro que acabe siendo como se ha previsto, pero que ya condiciona nuestras conductas. Por ejemplo, induciéndonos a aceptar que se recorte lo que aún tenemos por miedo a perderlo más adelante, que es la forma más segura de perderlo." (Bolds meus)
Mais que nunca é tempo de pararmos e tentar colocarmos alguma saúde mental no meio que nos rodeia. Parar, reflectir, ponderar, são acções que incrivelmente esquecemos com enorme facilidade a grande importância que têm. Portanto ou reflectimos seriamente sobre onde estamos e para onde queremos ir - no fundo voltarmos a colocar o Homem no seu devido lugar ao invés da sociedade - ou acabamos todos esquizofrénicos (como os políticos que um dia dizem uma coisa e no outro fazem outra). Ou amnésicos, que será ainda mais grave...