sábado, 22 de outubro de 2011

No meu tempo é que era...

(Imagem via net)

As comemorações dos 20 anos do álbum "Nevermind" dos Nirvana e o fim dos R.E.M. deixaram-me a reflectir sobre o estado da música nos tempos que correm e a acabar por usar o cliché que todas as gerações usam para se referir à música dos seus tempos de juventude.
Não direi, no entanto, que hoje não há música de qualidade, haverá de tudo como sempre houve, o bom e o mau, mas o que é notório é a ausência de um movimento musical, uma moda, um estilo que se sobreponha aos demais dominando a cena musical, o que é um facto notável tendo em conta a história da música moderna. Não recuando muito no tempo podemos relembrar como nos 70 tivemos o Hard Rock (Kiss ou Black Sabath) e depois o Punk (Sex Pistols, The Clash), nos anos 80 e como reacção a estes afirmou-se a New Wave (Blondie, Orquestral Manoeuvers In The Dark, etc), dando espaço depois ao Madchester (Happy Mondays ou Stone Roses), de imediato no inicio dos 90 o Grunge (Nirvana, Pearl Jam, Soundgarden) explode, literalmente, com tudo até ali, com Seattle a dominar a cena musical de forma avassaladora, pouco depois como resposta, nas terras de suas majestade, surge o Brit Pop (Blur, Oasis ou Suede) e o Big Beat (Chemical Brothers, Prodigy ou Fatboy Slim) ao que os norte americanos respondem, no final da década, com o Nu-Metal (Korn, Limp Bizkit, Splipknot, etc). No inicio do Séc. XXI este fenómeno de "cenas" e estilos musicais, alternando uns com os outros, começa a mudar e exceptuando, talvez, um certo fenómeno de revivalismo Rock com bandas como os The Strokes, The Hives ou Kings of Leon, não houve uma moda a assinalar, sendo que até aos dias de hoje é possível ouvir de tudo um pouco, mais ou menos ao estilo de "tudo ao molho e fé em Deus". Alheias a isto tudo houve bandas que passaram incólumes e ao lado de modas, como os Metallica ou os Radiohead, sendo por isso consideradas das melhores naquilo que fazem, apesar de já não serem bandas para as massas, mas para um grupo fiel e com bom gosto.
E por tudo isto diga-se em abono da verdade que o que realmente salta à vista, e aos ouvidos, de todos é a confrangedora falta de qualidade da música nos dias que correm e isto, por incrível que pareça, tem uma explicação, que não é nada mais que a concretização da profecia dos Buggles: "Video Killed the Radio Star" (ironicamente o primeiro video a passar na MTV). Hoje não importa a música, não importa aquilo que se canta e como se toca, mas sim que estilo visual se tem. A MTV tornou a música imagem e é pela imagem que se consome música, esta já não entra primeiro pelos ouvidos, mas pelos olhos. Pode soar retrógrado, mas a verdade é que  um corpo esbelto e uma carinha laroca (de preferência com uma voz que não magoe os ouvidos) vendem muito mais que um estilo ranhoso mas cheio de talento. Se assim não é por onde andam as cantoras desgarradas como Patti Smith ou PJ Harvey? Onde param os artistas feios, porcos e maus como Tom Waits ou Nick Cave? Pois é, lamentamos mas não temos, em troca temos produtos de marketing, com uma imagem estudada ao milímetro, sem pingo de talento e com canções todas iguais, mas tão giros que até enjoam.
A juntar a isso o fenómeno das redes sociais e da internet veio mudar definitivamente a forma de consumir música e por inerência a própria música. Nos 90 só tínhamos o Blitz e a Super Som para nos mantermos actualizados e havia que fazer esperas na rádio para ouvirmos aquele novo single acabado de lançar. Ainda me recordo de aos 15 anos ficar acordado até ás 2 ou 3 da manhã para ouvir na Radio 3 de Espanha um concerto em directo dos Green Day ou uma entrevista dos Silverchair. Hoje tudo isso está à distância de um clique e infelizmente só a qualidade parece distante.

2 comentários:

Anónimo disse...

Nem uma referência à melhor banda de todos os tempos, os Queen? No meu tempo é que era!

Rafeiro Perfumado, que esta bosta do blogger não deixa autenticar a conta

André Miguel disse...

É verdade, é verdade...
As minhas desculpas pela falta.