Há muito que devo um post dedicado à minha terra natal, pelo que a nomeação ontem das suas muralhas a Património Mundial é a oportunidade perfeita.
Sempre disse que Elvas é a cidade com mais pontos turísticos de interesse do Alentejo, mas foi sempre, incompreensivelmente, ignorada pela maioria, pelo que ontem fez-se justiça e esperemos que o quadro mude de figura. Não acreditam? Vejamos: é a maior cidade fortificada da Europa, tem o maior conjunto de fortificações do mundo e o maior Aqueduto da Península Ibérica.
O Forte de Nossa Senhora da Graça (Séc. XVIII), o Forte de Santa Luzia (Séx. XVII) e o Fortim de São Pedro constituem pontos obrigatórios e são marcos da nossa arquitectura militar e da sua importância histórica na defesa do Reino. O Aqueduto da Amoreira é, na minha opinião, o ex-libris da cidade. A sua construção iniciou-se no Séx. XVI, tem uma extensão de cerca 8 Kms, uma altura máxima de 31 metros e 843 arcos. Está situado à entrada da cidade, recebendo de forma imponente quem a visita. Para complementar temos todo o centro histórico entre as muralhas seiscentistas, que é um verdadeiro museu a céu aberto.
Entre pelo Viaduto que faz a ligação entre a parte nova e velha da cidade e inicie a visita pela Praça da República onde fica Sé de Elvas (Séc. XVI), suba até ao Castelo Medieval (séc. XIII) e deleite-se com a vista de cortar a respiração, de seguida embrenhe-se pelas ruas e ruelas da parte mais antiga da cidade, num passeio inesquecível a respirar outros tempos, e desça até ao Largo de São Domingos onde está a Igreja do mesmo nome, cujo início da construção remonta ao séc. XIII, é um dos raros exemplares da arquitectura gótica em Portugal; siga junto às muralhas pela Avenida de São Domingos em direcção às Portas de Olivença, outro ponto de entrada para entre os muros, continue junto ás muralhas até à Praça 25 de Abril e lá chegado suba ao miradouro junto à Capela de Nossa Senhora da Conceição, onde ficam também as Portas da Esquina. A vista mais uma vez é fabulosa e pode ver o Aqueduto, o Forte da Graça, bem como uma fantástica panorâmica da cidade.
Depois aproveite mais um passeio pelas ruelas do centro até à
Torre Fernandina (séc. XIV).
Há muitos mais pontos de interesse histórico em Elvas, mas deixo à curiosidade do leitor a sua descoberta quando visitar a cidade. Além de História, se for um interessado por Arte, tem muito por onde escolher, entre o Museu da Fotografia, o Museu Militar do Forte de Santa Luzia, o Museu Militar no Antigo Regimento de Infantaria ou o Museu de Arte Contemporânea.
Depois de tudo isto e como a cidade não é pequena será hora de reconfortar o estômago e não há local melhor para isso no Alentejo. A 17 Kms da cidade, na aldeia da Terrugem fica A Bolota, verdadeiro ex-libris da cozinha alentejana e um dos melhores exemplos da boa mesa em Portugal. Na aldeia de Vila Fernando é também obrigatória uma paragem da Taberna do Adro, tal como o Restaurante Pompílio na aldeia de São Vicente, sendo excelentes exemplos da melhor tradição alentejana. Se a sua preferência vai para os pratos do mar também não ficará desiludido, pois entre o Ti Catrina e o El Cristo pode optar entre o melhor peixe fresco e o melhor marisco, respectivamente, da região. Em qualquer destes casos atrás citados prepare a carteira pois a qualidade assim o obriga, no entanto a oferta da cidade é tão rica e variada que há para todos os gostos e bolsas.
Como cidade de fronteira e local de passagem a oferta hoteleira é também variada e para todos os gostos, onde destaco a Quinta de Santo António, o Hotel D. Luís ou o Hotel São João de Deus, sendo apenas de lamentar o recente encerramento da mais antiga Pousada do país (que esperemos o Grupo Pestana repense depois deste reconhecimento pela UNESCO).
Feita esta breve introdução resta-me desejar bom passeio a quem ainda não conhece um dos mais interessantes locais do Alentejo, muito diferente de tudo o que há na região. Elvas é única.