terça-feira, 1 de maio de 2012

Não acreditar nas pessoas, mas fazer com que elas acreditem em nós

Vivemos tempos de incerteza, escuridão, calcorreando trilhos sem certeza da direcção, apalpando paredes que nos sirvam de sustentáculo, aspirando por uma luz que teima em não se acender. Nunca o mundo parece ter sido tão frenético e tão parado ao mesmo tempo.
Mergulhados numa espiral recessiva todos suplicamos pelo verdadeiro milagre, que dá pelo nome de crescimento económico, o qual por sua vez afastaria o malfadado desemprego.
Seguro com a insegurança que se lhe conhece apela mais uma vez para que todos aceitem as suas propostas para o crescimento e emprego. Não sabemos quais são, temos no entanto a certeza que devem, ou deviam, ser diferentes daquelas que nos foram apresentadas pelos governos socialistas dos últimos 15 anos e que tão proveitosos resultados deram, como atesta a nossa situação actual.
Enquanto uns tentam que, pela primeira vez na nossa democracia, sejam outros a criar riqueza, que é como quem diz o povo, há quem insista na velha e "infalível" receita do crescimento por Decreto. Publique-se, endividemo-nos e cresçamos em direcção ao progresso. Não falha. E o povo gosta. Apesar do PS não gostar do povo, excepto para votar. Uma política que defende uma economia planificada, centralizada, controlada (ou devemos dizer estimulada?) pelo Estado, onde este joga desigualmente com indivíduos que lutam pela sobrevivência é uma política que não gosta das pessoas, que não acredita nelas, pois afinal estas certamente são seres descerebrados que necessitam orientação superior que os guie e oriente em direcção ao progresso e desenvolvimento.
Há quem pelas nossas ruas ainda pergunte como foi possível chegarmos a este estado de coisas. Numa economia que não acredita nas pessoas e onde tudo é decido por sua eminência o Estado é fácil sabermos como aqui chegámos. Pergunte-se a quem dirigiu, quem planificou, quem estimulou, quem apoiou, quem subsidiou. No entanto a pedra no sapato, o calcanhar de Aquiles disto tudo é que há quem suplique por ser apoiado e estimulado, ignorando, quiçá, que entrega de bandeja a sua liberdade de escolha no caminho a trilhar para o sucesso, pois se falhar nesse caminho sempre pode atirar as culpas para outro: quem o estimulou e apoiou.
Hoje é dia do Trabalhador e não vejo data mais idónea para constatarmos que se os apoios e estímulos ao nosso trabalho serviram para três bancarrotas em 38 anos de democracia, talvez seja hora de exigirmos que nos deixem caminhar pelos nossos próprios pés. Seria a maior prova de que acreditam em nós.

Sem comentários: