quinta-feira, 12 de julho de 2012

Stand-by

A partir de amanhã esta casa fecha para descanso do pessoal durante duas semanas, para umas merecidas férias.

A gente vê-se por aí.

sábado, 7 de julho de 2012

Notas soltas sobre um país visto ao longe

O caso da licenciatura do Ministro Relvas mostra como somos um país de doutores. Não importam as competências pessoais e profissionais, num país desprovido de mérito só conseguimos ser reconhecidos com um canudo na mão. Jogo de aparências, complexo de inferioridade, sociedade de castas, chamem-lhe o que quiserem, na realidade é uma sociedade sem valores, que reconhece as pessoas pelo titulo que ostentam e não pelas suas  capacidades. Relvas apenas seguiu a corrente.

Enfermeiros contratados a quatro euros à hora não devia chocar ninguém. Já analisaram a quantidade de vagas em enfermagem disponíveis todos os anos nas universidades? Estamos perante um simples caso de oferta e procura, nada mais. O desfasamento entre a oferta educativa e o mercado de trabalho em Portugal é brutal, mas continuamos alegremente a assobiar para o lado enquanto nos escandalizamos pelos baixos salários de uma horda de licenciados desnecessários. Não há inocentes nestes casos. Que sirva, pelo menos, para repensar todo o sistema de ensino superior, onde a asneira começa no sistema de acesso que empurra milhares de estudantes para cursos que não queriam como primeira opção, bem como desnecessários ao nosso mercado tal a enormidade de vagas disponíveis. Grande parte da nossa crise passa por aqui, onde a muitas bolhas acabámos de juntar a da educação.

O General Romano Galba escreveu que "Há, na parte mais ocidental da Ibéria, um povo que não se governa, nem se deixa governar". Bem podia estar a referir-se à actual situação do país e em particular ao recente acórdão do TC sobre os cortes no subsídios da função pública. Em Portugal o homem sonha, o Governo decide e a Lei limita. Há décadas que assim é. Pelo menos talvez assim quem nos governa comece a trabalhar a sério, ao invés fazer sempre as coisas pelo caminho mais fácil. O facilitismo é o caminho dos incompetentes e dos fracos e destes não reza a História a não ser por maus motivos. Há muito por onde cortar sem ser àqueles que mal têm para comer e pagar as contas do lar. Não o fazer é alimentar a monstruosa mentira que o Estado português gasta correctamente o dinheiro dos nossos impostos.

A contestação saiu à rua. Não há dia em que não haja gritos e insultos a qualquer membro do governo onde quer que ele vá. Não que seja injusto, mas dizem que Paris nesta altura do ano é muito agradável. Acho que a malta anda a reclamar a factura ao funcionário errado, se bem que este até agora não mostrou lá muito serviço, já que a casa está a ser gerida em regime de outsoursing (leia-se Troika). Mas quem nos governa ou é muito honesto ou muito ingénuo, caso contrário, para acalmar os ânimos à malta, já tinham prometido um plano de crescimento conjugado com um plano tecnológico, um aeroporto em Curral de Moinas, uma plataforma logística em São João da Murrunhanha, e sei lá, talvez mais 150 mil empregos, não?

domingo, 1 de julho de 2012

Elvas Património Mundial

Há muito que devo um post dedicado à minha terra natal, pelo que a nomeação ontem das suas muralhas a Património Mundial é a oportunidade perfeita.
Sempre disse que Elvas é a cidade com mais pontos turísticos de interesse do Alentejo, mas foi sempre, incompreensivelmente, ignorada pela maioria, pelo que ontem fez-se justiça e esperemos que o quadro mude de figura. Não acreditam? Vejamos: é a maior cidade fortificada da Europa, tem o maior conjunto de fortificações do mundo e o maior Aqueduto da Península Ibérica.
O Forte de Nossa Senhora da Graça (Séc. XVIII), o Forte de Santa Luzia (Séx. XVII) e o Fortim de São Pedro constituem pontos obrigatórios e são marcos da nossa arquitectura militar e da sua importância histórica na defesa do Reino. O Aqueduto da Amoreira é, na minha opinião, o ex-libris da cidade. A sua construção iniciou-se no Séx. XVI, tem uma extensão de cerca 8 Kms, uma altura máxima de 31 metros e 843 arcos. Está situado à entrada da cidade, recebendo de forma imponente quem a visita. Para complementar temos todo o centro histórico entre as muralhas seiscentistas, que é um verdadeiro museu a céu aberto. 
Entre pelo Viaduto que faz a ligação entre a parte nova e velha da cidade e inicie a visita pela Praça da República onde fica Sé de Elvas (Séc. XVI), suba até ao Castelo Medieval (séc. XIII) e deleite-se com a vista de cortar a respiração, de seguida embrenhe-se pelas ruas e ruelas da parte mais antiga da cidade, num passeio inesquecível a respirar outros tempos, e desça até ao Largo de São Domingos onde está a Igreja do mesmo nome, cujo início da construção remonta ao séc. XIII, é um dos raros exemplares da arquitectura gótica em Portugal; siga junto às muralhas pela Avenida de São Domingos em direcção às Portas de Olivença, outro ponto de entrada para entre os muros, continue junto ás muralhas até à Praça 25 de Abril e lá chegado suba ao miradouro junto à Capela de Nossa Senhora da Conceição, onde ficam também as Portas da Esquina. A vista mais uma vez é fabulosa e pode ver o Aqueduto, o Forte da Graça, bem como uma fantástica panorâmica da cidade. 
Depois aproveite mais um passeio pelas ruelas do centro até à Torre Fernandina (séc. XIV). Há muitos mais pontos de interesse histórico em Elvas, mas deixo à curiosidade do leitor a sua descoberta quando visitar a cidade. Além de História, se for um interessado por Arte, tem muito por onde escolher, entre o Museu da Fotografia, o Museu Militar do Forte de Santa Luzia, o Museu Militar no Antigo Regimento de Infantaria ou o Museu de Arte Contemporânea.
Depois de tudo isto e como a cidade não é pequena será hora de reconfortar o estômago e não há local melhor para isso no Alentejo. A 17 Kms da cidade, na aldeia da Terrugem fica A Bolota, verdadeiro ex-libris da cozinha alentejana e um dos melhores exemplos da boa mesa em Portugal. Na aldeia de Vila Fernando é também obrigatória uma paragem da Taberna do Adro, tal como o Restaurante Pompílio na aldeia de São Vicente, sendo excelentes exemplos da melhor tradição alentejana. Se a sua preferência vai para os pratos do mar também não ficará desiludido, pois entre o Ti Catrina e o El Cristo pode optar entre o melhor peixe fresco e o melhor marisco, respectivamente, da região. Em qualquer destes casos atrás citados prepare a carteira pois a qualidade assim o obriga, no entanto a oferta da cidade é tão rica e variada que há para todos os gostos e bolsas.
Como cidade de fronteira e local de passagem a oferta hoteleira é também variada e para todos os gostos, onde destaco a Quinta de Santo António, o Hotel D. Luís ou o Hotel São João de Deus, sendo apenas de lamentar o recente encerramento da mais antiga Pousada do país (que esperemos o Grupo Pestana repense depois deste reconhecimento pela UNESCO).
Feita esta breve introdução resta-me desejar bom passeio a quem ainda não conhece um dos mais interessantes locais do Alentejo, muito diferente de tudo o que há na região. Elvas é única.

Nota: alguma imagens são da minha autoria, outras são do Blogue Fotógrafos de Elvas.