sábado, 18 de junho de 2011

A insustentável ignorância do Embaixador de Portugal em Angola

Francisco Ribeiro Telles, Embaixador de Portugal em Angola, deu há cerca de 15 dias uma notável entrevista ao jornal O País.
A dada altura a coisa reza assim:

"Há em Luanda a Escola Portuguesa, oficialmente reconhecida, e haverá uma em Benguela, mas têm surgido outras escolas que se dizem de ensino português, na metodologia, calendário e curriculum de ensino.A Embaixada tem alguma ligação com essas escolas, segue-as?

Não. Nós não temos nenhuma ligação jurídico-administrativa com essas escolas. A ligação que temos é com a Escola Portuguesa de Luanda, que cresceu muito nos últimos anos, com um número impressionante de alunos.É uma escola que oferece qualidade … a nossa ligação, em termos de ensino, é à Escola Portuguesa de Luanda.Tenho conhecimento que começa a existir uma ou outra “escola portuguesa” aqui, mas isso é do âmbito puramente privado.

Portanto, Portugal não se responsabiliza pelo curriculum e qualidade dessas escola, ainda que a propaganda faça entender ao cliente que é qualquer coisa reconhecida e tutelada pelo Estado português, pelo Ministério da educação de Portugal?

Penso que o regime jurídico em que operam aqui estas escolas diz respeito ao Ministério da Educação de Angola, que é responsável pela instalação destas escolas em Angola. A questão das equivalências em Portugal, isso não lhe posso adiantar porque desconheço como é que os currículos se estão a desenvolver."


Francisco Ribeiro Telles, Embaixador de Portugal em Angola, ignora por completo tudo o que não seja a Escola Portuguesa de Luanda, mas visitando o site do Consulado-Geral de Portugal em Luanda, consultando a informação sobre o ensino temos acesso a isto:


(Clique para ampliar)

Ou seja, o nosso Embaixador ignora que "essa uma outra escola portuguesa" de âmbito privado estão referênciadas pelo Consulado e se chamam Colégio Português de Luanda e Colégio São Francisco de Assis. Mas há mais...
O nosso Embaixador ignora que existem cidadãos portugueses inscritos no Consulado como Professores do Colégio Português de Luanda e do Colégio São Francisco de Assis, sendo estes a quase totalidade do respectivos corpos docentes e direcções pedagógicas.
O nosso embaixador ignora que o nosso Consulado entrega, em malas diplomáticas, as provas de aferição e as provas globais enviadas pelo Ministério da Educação de Portugal para o Colégio Português de Luanda e Colégio São Francisco de Assis, sendo que estes as devolvem ao Consulado após a sua realização.
O nosso embaixador ignora que quando um aluno do Colégio Português de Luanda ou do Colégio São Francisco de Assis pede transferência para Portugal é inscrito no ano lectivo para o qual transitou e o seu dossier é enviado para a espectiva escola, porque estes colégios têm o curriculo português devidamente reconhecido.

Convêm ainda esclarecer que estas duas instituições privadas não recebem um cêntimo de apoio do Estado Português. São privados e com orgulho. Têm um corpo docente qualificado, expatriado, recrutado em Portugal e ao qual oferecem as mesmas boas condições que qualquer empresa - alojamento, transporte, viagens - já não se podendo dizer o mesmo da Escola Portuguesa de Luanda. Desenvolvem um excelente trabalho, com um ensino de excelência que em nada fica atrás dos melhores privados em Portugal. Ainda assim são olimpicamente ignorados pela nossa diplomacia.
É caso para afirmar que com embaixadores destes a lingua Portuguesa não precisa de inimigos.

domingo, 12 de junho de 2011

Uma cidade a ver passar navios (e o país também...)

No rescaldo das recentes eleições os blogues apoiantes do regime, quais corporativos de província (que também os há, assim como blasfemos e insurgentes), insistem em manter a estratégia que tão bons resultados trouxe ao país, continuando a misturar alhos com bugalhos, sem qualquer fundamento, ideia ou projecto de futuro.
Como se pode ler nesta posta, o autor mistura no mesmo pote supostos ataques da imprensa ao querido líder, com TGV, Linha de Mercadorias e Plataforma Logística. Et voilá: o PS governa o país há 6 anos, a cidade há 18, mas a culpa do atraso de Portugal e de Elvas é da oposição. Vamos então por partes. Primeiro: quem não quer ser lobo não lhe vista a pele, portanto se José Sócrates só é adorado pelos militantes socialistas talvez seja por ter prometido 150 mil empregos e ter deixado mais de 700 mil desempregados; ou colocar a economia a crescer e deixar-nos em recessão, cortar salários e benefícios, além de uma dívida monstruosa para os nossos netos pagarem. Segundo: TGV, Linha de Mercadorias e Plataforma Logística são projectos completamente diferentes e, sobretudo, independentes, os quais se não se tornarem realidade devemos agradecer, unica e exclusivamente, ao PS, por nos ter deixado a maior dívida pública dos últimos 160 anos e um país em recessão que não permite caprichos. E não se esqueçam que o PS também assinou o Memorando com o FMI e a UE...
Quanto aos projectos para Elvas ainda não percebi o que leva alguém a crer que o TGV trará desenvolvimento. Trará turistas? Agência de viagens? Hotéis? Se estes não vieram com a A6, porque virão com um TGV Lisboa-Madrid sem algo novo que os faça parar em Elvas? Para que isso aconteça a cidade tem de criar pontos de interesse, trabalhar para se tornar aquilo que ainda não é: uma cidade competiviva e atraente, algo que com Évora de um lado e Badajoz do outro não é tarefa fácil. E nada se tem feito para contrariar isso. Recordo que o PS governa Elvas há 18 anos.
Já a Plataforma Logística e a Linha de Mercadorias, ligando Elvas a Sines, seriam projectos deveras interessantes, com um pequeno senão que dá pelo nome de Badajoz. Enquanto a cidade vizinha já mexe os cordelinhos junto do Porto de Sines ou anuncia os terrenos da sua localização e procura inquilinos, Elvas continua a dormir à sombra da azinheira. Além disso nuestros hermanos têm argumentos de sobra para deitar por terra qualquer aspiração lusitana, pois têm uma economia mais forte, moderna, competitiva e, principalmente, um regime fiscal mais favorável, pelo que daí talvez se compreenda que diversas empresas portugueses têm já escritórios em Badajoz (e ainda nenhum destes projectos avançou!). Ora é por estas e por outras que a Eurocidade Elvas-Badajoz, que tanto se fala, só fará sentido enquanto Zona Franca, após a construção da Plataforma, por forma a eliminar as enormes assimetrias económicas e fiscais, caso contrário é para esquecer (e os elvenses que acordem enquanto é tempo), porque Badajoz ficará com tudo.
Poderiamos também analisar a questão do ponto de vista mercantil e logístico, sobre o qual tenho, também, muitas dúvidas quanto à viabilidade do projecto. Senão vejamos: dos maiores armadores mundiais, que detêm o monopólio do transporte mundial de mercadorias, como a Maersk, Grimaldi, Niledutch, ou MSC, salvo erro, só este último utiliza o Porto de Sines. E aqui é que a porca torce o rabo, pois a oferta de armadores, logo de destinos finais, é muito maior em Lisboa ou Alcegiras. Trocado por míudos: o Porto de Sines limitar-se-ia, nos moldes actuais, a servir o Alentejo e o norte da Extremadura espanhola. Assim as perguntas que se impõem são: terá a região mercadorias suficientes para ecoar que justifiquem tal investimento? Qual a mais valia de Sines contra Alcegiras ou Lisboa? Valerá a pena neste cenário enviar mercadoria via comboio para Sines ou por estrada para Lisboa?
A resposta a estas questões são a chave para a construção da Plataforma Logística tão adorada pelo PS elvense, que governa Elvas há 18 anos, mas pelos vistos não percebe patavina de transportes internacionais e comércio mundial.
É possível inverter este cenário? Claro que sim, mas Elvas não pode continuar a pensar que serão sempre os outros a fazer os seus trabalhos de casa como até aqui (sejam eles o poder central ou os nossos vizinhos espanhóis), pois até a ideia de como Badajoz pode contribuir para o desenvolvimento da cidade tem sido até hoje um verdadeiro tiro no pé. E todos sabemos que transportes internacionais e logística são temas chatos como à putassa e nada interessantes, mas isso não invalida que a malta se informe antes de mandar bitaites que em nada ajudam ao esclarecimento dos votantes.

domingo, 5 de junho de 2011

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Ó Luis porque não criámos a PS TV?

No último dia de campanha a explicação do Sr. Pinto de Sousa (chamar-lhe Sócrates é ofender o filósofo) para a não apresentação de propostas são os “poucos segundos de televisão a que um pobre político tem direito”.
Simplesmente de ir às lágrimas… Que ele é um pobre político tem toda a razão, quanto ao resto nem merece grandes comentários. É triste, mas é assim mesmo e a um passo de perder as eleições de forma estrepitosa, saindo de cena pela porta das traseiras, quem nos (des)governou durante 6 anos continua com a única preocupação da imagem. Sempre a imagem, que a governação nesta mente iluminada é feita de marketing e pouco mais.
A esta altura do campeonato já deve lamentar não ter seguido a prática do amigo Chávez de passar o tempo a discursar e obrigar a TV a transmitir. E nós agradecemos, que a TV como está já estupidifica quanto baste.