É uma expressão típica que usamos no Alentejo (desconheço se utilizada noutras regiões), para descrever situações em que alguém tomou contacto com determinada realidade, mas nada reteve ou assimilou da mesma. Algo semelhante a "ir a Roma e não ver o Papa".
Ora foi isso precisamente que aconteceu ao Sr. David Lopes Ramos, do Público, quando visitou o Alentejo, mais precisamente a Taberna do Adro em Elvas.
A certa altura damos com esta pérola da sabedoria gastronómica:
"Durante muito tempo, havia pouco mais do que o Fialho, em Évora, que continua pujante na Travessa das Mascarenhas, 16, telefone 266703079; o Águias de Ouro, em Estremoz; ou o restaurante da primeira pousada portuguesa, a de Elvas."
Maior ignorância sobre o Alentejo é impossível e isto num jornal como Público é, no mínimo, vergonhoso.
O Fialho pujante? Só três restaurantes de qualidade? Este comensal anda a dormir. Ou então é daqueles que acham que a qualidade na boa mesa se resume ao Bica do Sapato e ao Tavares.
Caramba, até em Évora há bem melhor, como a Tasquinha D'Oliveira é excelente exemplo. E o Águias de Ouro em Estremoz? Então o que é feito do São Rosas e da Cadeia Quinhentista, esses dois verdadeiros templos de boa gastronomia? E já que fala de Elvas devia saber que A Bolota, esta sim, é o verdadeiro ex-libris da cozinha alentejana. Só aqui entre nós, que ninguém nos ouve: qualquer um destes que referi é melhor que O Fialho.
No final da crónica, depois dos elogios à cozinha alentejana, estraga tudo: bebeu vinho branco. Um Chardonnay de 2006 da Tapada de Coelheiros, boa escolha, sem dúvida, se a refeição fosse peixe ou marisco, coisas que por sinal não abundam na cozinha alentejana. Mas o preço que pagou por essa garrafa (35 Euros), tendo em conta a refeição, é, na minha opinião, dinheiro atirado ao lixo. Pelo mesmo preço provava um Malhadinha Tinto, ou abaixo, e também ele excelente, um Quinta do Carmo Tinto.
Enfim, acho giro esta malta da capital que vem ao Alentejo porque é chique e nem se preocupam em ver as casas, difundindo assim, num jornal nacional, uma imagem completamente errada do que é a região.
Nota: o artigo original do Público é de 2009, mas foi actualizado em 2012, o que é ainda mais grave pois mantêm a ignorância sobre a região, daí o teor do post.
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