Aprecio imenso a cultura espanhola, no entanto sempre andei um pouco de pé atrás no que respeita à sua gastronomia, a qual considerava uns bons furos abaixo da nossa. Fruto talvez de demasiadas experiências nas vulgares taperías (casas de tapas, que não são mais que as nossas tabernas) onde abundam os fritos e as comidas fortes e poucas visitas a restaurantes propriamente ditos.
No entanto desde que começou a moda da marca de pneus distribuir estrelas que nuestros hermanos nos dão uma banhada, pelo menos na quantidade das ditas, e assim, mediaticamente, estes têm conseguido criar uma imagem geral muito superior à nossa. Ainda assim continuava desconfiado, pelo menos no caso particular da cozinha pacence, pois com nomes do nosso lado como A Bolota ou a Herdade da Malhadinha Nova é difícil imaginar melhor. Mas pronto, lá segui o rebanho das estrelas e decidi experimentar algo que mostrasse que eu estava errado.
No entanto desde que começou a moda da marca de pneus distribuir estrelas que nuestros hermanos nos dão uma banhada, pelo menos na quantidade das ditas, e assim, mediaticamente, estes têm conseguido criar uma imagem geral muito superior à nossa. Ainda assim continuava desconfiado, pelo menos no caso particular da cozinha pacence, pois com nomes do nosso lado como A Bolota ou a Herdade da Malhadinha Nova é difícil imaginar melhor. Mas pronto, lá segui o rebanho das estrelas e decidi experimentar algo que mostrasse que eu estava errado.
Por sorte em Badajoz há um restaurante que já foi bafejado pela estrela, perdeu-a em 2008 mas que ainda assim mantêm o status: Aldebaran, de seu nome. A coisa é chefiada por Fernando Barcénas (discípulo do Arzak, um dos grandes nomes da cozinha espanhola e especialista em coleccionar estrelas), que decidiu fixar-se há 22 anos em Badajoz com um projecto pessoal. Para quem estiver familiarizado com a alta cozinha alentejana aviso desde já que entrar neste local é entrar noutro mundo, um campeonato à parte. Desde a recepção à decoração, tudo é de um extremo bom gosto. Não é fácil encontrar pelas redondezas um local onde o Chef nos receba, ajude com o menu e nos acompanhe à saída. Aqui não existem pratos experimentais tão na moda da cozinha moderna das estrelas, mas tão só uma cozinha de autor que utiliza os melhores ingredientes da região, numa reinvenção da tradição extremeña, pelo que não há muita diferença para com os ingredientes do Alentejo (afinal estamos paredes meias), mas sim um toque criativo e pessoal, sem perder o bom gosto da simplicidade e da tradição. O que distingue este local é que é único e diferente; não se descreve, experimenta-se. Tudo ali foi perfeito, ou quase, e rendi-me definitivamente à cozinha de nuestros hermanos, mostrando como o preconceito me tinha prejudicado até ali. Só num ponto as minha ideias anteriores se mantiveram: o vinho. Sem sombra de dúvidas que continua a ser o calcanhar de Aquiles dos nossos vizinhos, pois mesmo ali ao lado, no nosso Alentejo, produzem-se verdadeiras obras de arte de nível mundial.
No final a conta pagou de sobremaneira tanta qualidade e a diferença é enorme quando comparamos com restaurantes deste nível no nosso país. Aqui percebemos que o Aldebaran não é apenas um negócio, mas uma forma diferente de entender a gastronomia e isto faz toda a diferença, é aqui que realmente estamos longe dos nossos vizinhos. Na pequena conversa que tive com Fernando Barcenas, à saída do restaurante, ficou patente que o Aldebaran não quer ser mais um entre muitos a concorrer entre si, cabem todos, mas desde que cada um seja único naquilo que oferece. Depois disto cabe-me descobrir os outros locais que Badajoz oferece numa linha semelhante e que são muitos.
Mas apesar disto não me mal interpretem, pois continuo a considerar a cozinha Alentejana a melhor do mundo e arredores, só é pena que ainda não tenha tido a oportunidade de mostrar ao mundo todo o seu valor como já fizerem os nossos vizinhos, mas talvez porque ainda lhe falta um golpe de asa que a transporte para onde merece. Mas como bem sabem os alentejanos: devagar se vai ao longe.
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