sábado, 25 de agosto de 2012

Ingovernável? É o socialismo, estúpido!

Portugal é um país de empurrar os problemas com a barriga, do bola para a frente e fé em Deus. "Logo se vê" ou "depois vemos isso" são chavões demasiado populares quando toca a enfrentar um problema. Porquê dedicarmos o nosso tempo a algo chato e aborrecido quando o podemos fazer amanhã? Nas mais pequenas coisas às grandes decisões é algo transversal a todo o nosso povo. A classe política, não sendo extraterrestre nem sequer importada do estrangeiro, não foge à regra. Não gostando de problemas fingimos igualmente que eles não existem, abraçando também o socialmente exigível de agradar a tudo e todos, pois encontrar uma solução pressupõe fazer as coisas certas e não as coisas bem, sendo que estas últimas tendem a agradar a uma parte em prejuízo de outra. Assim o imediato é tudo, o longo prazo não se vislumbra pelo que não importa.
Isto vem a propósito do desastre da receita fiscal até à data. Portugal não cresce desde que entrou no séc. XXI, tivemos uma tristemente célebre década perdida a coleccionar défices consecutivos, vai daí o défice, ou o monstro, é o alvo a abater. E como? Para os iluminados que nos governam mais défice é igual a menos colecta de impostos, logo subam-se estes últimos. Um político que pense assim nem uma mercearia é digno de gerir. Coitado do Sr. Zé lá da esquina se decide aumentar o preço das alfaces, assim sem mais, só porque está a fazer menos caixa ao final da semana... Os iluminados que nos governam demonstram pelas suas práticas que julgam que obtêm menos receita fiscal, não porque o país não cresça, mas porque tem baixos impostos. Tal alheamento da realidade já tem tiques de autismo, principalmente quando a única coisa a crescer, de há muitos anos a esta parte, é despesa do Estado. Até o Sr. Zé da mercearia lá da esquina sabe que são as despesas que ele tem que medem o lucro das alfaces que vende...
Mas no fundo até somos um país porreiro, de amigalhaços, de palmadas nas costas (um dos hábitos mais irritantes do povo português), ferir susceptibilidades não é connosco. Por isso reformas e mudanças até se vão fazendo, mas partindo deste principio, como podemos ver no modelo de pseudo-privatização da RTP, a coisa concessiona-se a um amigalhaço e pronto, já podemos dizer que se mudou alguma coisa para tudo continuar na mesma.
Modernos? Também somos. Até já temos um governo liberal. Tão liberal que tem vindo a mostrar que não faz falta: temos o Tribunal Constitucional para isso. Qual programa de governo qual quê, se não for decalcado da Constituição não serve. Até podemos vir a caminhar para uma sociedade socialista sem governo. Digam lá que Portugal não inova?

2 comentários:

Kruzes Kanhoto disse...

Temos, enquanto povo, uma característica fascinante. Quando sai uma lei que supostamente irá alterar os nossos hábitos a primeira coisa que nos ocorre é: Como é que vamos dar a volta a isto?!

André Miguel disse...

Kruzes,
Ehehehe!
Uma grande verdade.