Mais um ano que passou, mais um de enormes desafios pela frente e o fim de mais umas férias na terra natal, que o trabalho não pára e Angola muito menos.
Foram umas férias fabulosas, mais que merecidas, onde todos os minutos foram aproveitados na companhia dos mais queridos. Deleitei-me com o melhor do meu Alentejo, essa imensa planície que não se esquece por muito longe que estejamos, essa maravilhosa terra à qual não há melhor que regressar... E digam o que disserem tem a melhor gastronomia do mundo! Comi e bebi com inaudito prazer como há muito não fazia, tal as saudades que a barriga já tinha destes prazeres que só a minha terra proporciona. Como é da praxe lá marquei presença n' A Bolota e no Ti Catrina, o melhor do Alentejo e o melhor peixe de Elvas, respectivamente, mas a surpresa foi a Cadeia Quinhentista, em Estremoz, onde tradição, inovação, bom gosto e classe andam de mãos dadas. Altamente recomendável.
No fim de semana de passagem de ano rumei a Lisboa para matar saudades, onde há muito não passava uns dias, pois como qualquer Alentejano que se preze, volta e meia, há que ir à capital para não estupidificar. Dizem que ali é o país e o resto é paisagem... Bem instalado nas Janelas Verdes fui conhecer o premiado Le Chat, o qual só pelas vistas vale a visita enquanto a originalidade do espaço faz o resto. No dia 31 de manhã, em jeito de preparação para a respectiva noite de copofonia, a alma pedia Cultura, pelo que lá rumei ao Museu Nacional de Arte Antiga para bater com o nariz na porta, a qual mostrava que o Sr. Director do IMC tinha decidido tolerância de ponto para os dias 24 e 31 de Dezembro. Mas, afinal, o Governo não tinha decidido o contrário? Era ver a quantidade de turistas, nacionais e estrangeiros, incrédulos à porta do Museu, para concluir o disparate da decisão. Adiante, para diluir a frustração, nada como um café n' A Brasileira e uma visita à velhinha Bertrand para compensar. Valeu por um Drucker que há muito procurava. Já com as leituras debaixo do braço foi hora de um passeio pela Baixa, pois o sol a isso convidava, até que se fez tarde e o estômago pediu recompensa, pelo que foi hora de rumar ao Bica do Sapato, espaço que há muito desejava conhecer. Não desiludiu e cumpriu de sobremaneira, é excelente, mas não surpreendeu, e quem conhecer alguns dos melhores do Alentejo compreenderá porquê. Como o dia 1 de Janeiro não é dado a grandes iniciativas (a ressaca não ajuda) lá fui conhecer o Oceanário de Lisboa (eu sei, parece mentira mas não conhecia), sendo a escolha perfeita para o dia em causa. Fiquei intrigado com uma coisa: porque diabo andavam os lisboetas a passear num Centro Comercial, neste caso o Vasco da Gama, num dia onde só os restaurantes e os cinemas funcionavam?! Enfim, portuguesisses...
No outro lado da moeda ficou o sabor amargo de ver a nossa capital algo degradada, pareceu-me uma cidade suja, mal tratada, abandonada à sua sorte e muito longe do esplendor de dias passados. Sinal dos tempos que correm? A crise, certamente, não explica tudo. A mesma crise que via em Luanda pela televisão, mas pude comprovar em primeira mão ser bem real e mais dura do que me parecia à distância. Vi um país à toa, com as pessoas à deriva, ao sabor do vento e das ondas, desesperadas por uma bóia que tarda em surgir e com apenas uma certeza nos lábios: o que aí vem vai ser terrível. Fomos todos avisados e enganados, e estávamos a gostar até que nos apresentaram a conta. Mas vi igualmente um país a aprender a viver de outra forma, a reformular mentalidades e formas de estar. No fundo a renascer. Só por isso a liderança do país devia também ela reformular-se a si mesma, pois um povo não deve mudar de vida para que os seus líderes continuem como sempre. Esse é o caminho para a servidão, que estamos todos ainda a tempo de evitar.
2 comentários:
Acabei de ver que me visitou às 21:27 de Lisboa. Agradeço a visita e agradeço também a colocação do link.
Um abraço de Elvas!
Não tem nada que agradecer, é sempre um prazer visitar um conterrâneo. Abraço para Elvas.
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