Com o ano a dar os últimos suspiros o cansaço acumulado já é mais que muito, facto que me obriga a colocar os neurónios em piloto automático, pelo que a paciência e capacidade para vir aqui mandar postas de pescada já não é muita.
A juntar a isso a festa diária, a que assisto à distância, no meu país deixa o cérebro de qualquer um a fazer tilt. Custa acreditar que estamos a assistir a um telejornal e não a uma qualquer novela mexicana de amores, traições e tragédias, ao mesmo tempo abrir um jornal on-line é quase o mesmo que mergulhar numa peça de Shakespeare.
Não sei se andam todos a brincar ou se a coisa é mesmo a sério, mas permitam-me um conselho de quem vê a nação à distância: tenham juízo.
Bem sei que a quem aí está a realidade morde com todos os dentes, pelo que tem conhecimento de causa, mas a quem está longe a imagem que chega é a de um grupo de baratas tontas, a disparar em todas as direcções, alucinadas e intoxicadas por uma miríade de factos e contractos, mera poluição sonora, que ofusca toda e qualquer capacidade de orientação e percepção, como se por vontade própria preferissem viver num espesso nevoeiro que oculte a realidade. E isto, permitam-me o abuso, aplica-se a quase todos, sejam eles governo, oposição, sindicatos, jornalistas, etc. Já que os portugueses sempre gostaram mais de parecer do que ser, pelo menos façam por parecer que têm juízo e que sabem o que andam a fazer. É que aquilo que eu vejo não somos só nós, os emigrantes, a ver, mas todos aqueles com quem convivemos por este mundo inteiro. Depois queixem-se dos ratings, dos juros, da nossa imagem, dos preconceitos, das cabalas e o diabo a quatro!
Se até nos musseques de Luanda, onde falta tudo, se diz à boca cheia que Portugal "tá passar mali, muto mali", imaginem o que não se diz por este mundo fora... Certamente que estamos a passar mal, só um louco diria que não, mas não temos porque não mostrar que sabemos o que andamos a fazer. Se é que alguém realmente sabe.
2 comentários:
Isso da crise, para a maior parte dos portugueses, é coisa que apenas assiste aos outros...
Sem dúvida.
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