Numa esplanada em Paris um turista perguntou-me se falava inglês para pedir indicações, na loja da Apple, na mesma cidade, ao pedir para me configurarem um ipod em português, perguntaram se era brasileiro, já fui recebido em dois restaurantes na minha terra natal com "buenas noches" e em Luanda já me perguntaram se falava português, o que talvez comprove, conforme escreveu Martin Page no seu livro "A Primeira Aldeia Global", que não há um estereotipo para o português típico, pois há-os altos, baixos, magros, gordos, loiros, morenos, brancos, negros, etc...
Como nos definimos então como povo? Com certeza aventureiros e inovadores, como comprova a nossa História, essa mesma História que é quase uma enciclopédia sobre crises, o que por outro lado nos revela pouco disciplinados ou metódicos, o que nos tem levado a falhar nos momentos decisivos. Mas somos únicos. Carregamos como ninguém o fardo da saudade, essa característica tão inerente à alma lusitana, talvez porque como tão poucos povos aprendemos a viver longe da nossa terra, espalhando pelos quatro cantos do mundo a nossa influência, tão discreta quanto maior do que imaginamos.
Hoje somos pouco mais de 5 milhões pelo globo, que é como quem diz metade da população residente em Portugal, ou, dito de outro modo, um terço de Portugal pisa outro solo que não o Lusitano. Ser Português? Maria José Nogueira Pinto, na sua derradeira crónica, escreveu que cedo aprendeu "a levar a pátria na sola dos sapatos". E não há fardo maior, para o bem e para o mal, de que nos possamos orgulhar enquanto povo.
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