sábado, 2 de abril de 2011

Ser emigrante é porreiro pá!

Segundo a notícia publicada na passada quinta-feira no Linhas de Elvas, parece que os emigrantes portugueses, no plenário do Conselho das Comunidades Portuguesas ontem reunido, lamentam que o país desperdice o potencial das comunidades.
Pessoalmente não lamento nada disso, mas antes o desperdício de tanta mão de obra qualificada, por incompetência e incapacidade de quem gere os destinos do país. Manuel Beja, conselheiro na Suiça, afirmou que "Os governos não se interessaram em dinamizar o relacionamento entre o país e as comunidades. Só agora é que se fala seriamente em desenvolver as exportações". Há quanto tempo este senhor não lê notícias do nosso país? Não se recorda que o nosso ainda PM se fartou de viajar pelo mundo a promover as exportações portuguesas? Em abono da verdade foi das poucas coisas boas que fez. Angola, Brasil, Moçambique, Cabo Verde, Magrebe, Venezuela, China ou Rússia. Chega? Que os nossos empresários prefiram a boleia do Estado para se promoverem lá fora e não têm proactividade para o fazerem sozinhos e portanto ainda há muito a fazer, isso é outra conversa.
E se acreditam que o nosso país não promove, perdão, apoia a emigração fiquem sabendo que até temos direito a um Gabinete de Incentivo Apoio ao Emigrante. Para que serve não sei, mas gostava de saber como é que um burocrata numa qualquer câmara municipal vai apoiar alguém a emigrar para Moçambique sem nunca lá ter posto os pés...
Ainda na notícia pasmo ao ler que alguém afirmou que vê com muita apreensão os problemas do país e que os emigrantes podem dar um grande contributo para a solução dos problemas. Como?! O visado ou o jornalista não dizem. Será ouvindo as nossas sujestões? Enviando mais remessas? Fazendo publicidade gratuita às empresas exportadoras? Trazendo as nossas familias completas e amigos para não sofrerem com o flagelo luso? Será assim tão difícil compreender que não haveria melhor contributo ao país que existirem condições para deixar de ser emigrante, por forma a contribuir com o nosso trabalho, o nosso rendimento e os nossos impostos para Portugal, ao invés de o fazer para benefício de outro?
A diarreia cerebral, qual cereja em cima do bolo, surge com o Secretário de Estado das Comunidades a apontar a emissão de 160 mil cartões do cidadão pelos diversos consulados como "sucesso extraordinário" da influência da CCP junto das políticas públicas para a emigração. Porreiro pá! Somos 5 milhões (e continuamos a aumentar) pelo mundo fora e o governo rejubila por uns quantos cartões.
Pois quanto a mim, o sucesso extraordinário das políticas públicas para a emigração foi marcar presença com a minha mulher às 6.00h da madrugrada à porta do consulado de Luanda, que abre às 8.00h, para garantir uma senha para emissão de Passaporte, pois só há 20 senhas por dia, ou ter que lá me deslocar três dias consecutivos para um simples reconhecimento de uma assinatura.
É caso para dizer que neste, como em muitos outros assuntos, quando quem governa não sabe ou não tem conhecimento de causa mais vale estar quietinho e caladinho. Faz-se melhor figura.

2 comentários:

Rafeiro Perfumado disse...

E eles que não te vejam aqui, ou quando aterrares em Angola és revistado com recurso à luva de latex!

André Miguel disse...

Eles que não te ouçam! Grande amigo me saíste...