"A economia focalizada no hit, (...), é o resultado de uma época em que não havia espaço suficiente para levar tudo a todos: não havia espaço suficiente nas prateleiras para todos os CD, DVD e jogos de video produzidos; não havia canais de televisão suficientes para transmitir todos os programas; não havia ondas radiofónicas para criar toda a música criada; e muito menos horas suficientes num dia para inserir tudo na programação.
Este é o mundo da escassez mas, agora, com a distribuição e comércio online, estamos a entrar no mundo da abundância. As diferenças são profundas. (...)
A grande maioria dos produtos não está disponível numa loja perto de si, pois a economia do comércio tradicional focalizado nos hits vê-se na necessidade de limitar a escolha. Quando se torna possível diminuir drasticamente os custos de conexão entre a oferta e a procura, isso muda não apenas os números, mas toda a natureza do mercado. Não se trata de uma mudança meramente quantitativa, é também qualitativa. A acessibilidade nos nichos revela a procura latente de conteúdo não comercial. Depois, à medida que a procura transita para os nichos, a economia que os providencia irá melhorar ainda mais, e assim por diante, criando uma espiral de feedback positivo que irá transformar indústrias inteiras - e a cultura - nas próximas décadas."
Chris Anderson, "A Cauda Longa" (Actual Editora)
Nota: negritos meus.
Este livrinho de Chris Anderson devia ser leitura obrigatória em Portugal para percebermos de que se fala quando os nossos líderes acenam com os chavões da competitividade, produtividade, necessidade de diversificar e exportar. Falar por falar sem fazer não paga imposto e como tal a verdade é que temos um país de cauda curta. Há demasiado tempo.
Pelas frases acima descritas é torna-se mais claro o porquê da nossa terceira falência em três décadas. Enquanto mantivermos a ditadura dos monopólios e o proteccionismo aos instalados não sairemos da cepa torta; iremos manter-nos arcaicos, atrasados e obsoletos. Não perceber que a única ditadura a existir deve ser a do consumidor, e que só providenciando a este uma verdadeira e abundante liberdade de escolha a nossa economia florescerá, é esperarmos uma nova vinda do FMI daqui a uns anos. As empresas exportadoras já perceberam isso, falta mudar o paradigma cá dentro.
Manter a clientela satisfeita é para quem compra, não para quem vende. A satisfação do cliente no nosso país não passa de papel nas universidades; vide como exemplo disto as telecomunicações e a energia. O suposto liberalismo de um Governo devia passar obrigatoriamente por aqui e não apenas por reduzir salários e aumentar impostos - que encurtam ainda mais a cauda pela redução da liberdade de escolha - por imposição de uma troika qualquer.
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