(Vista de Luanda a partir do Clube Náutico em 2008)
Parece que foi ontem aquele 14 de Abril de 2007 em que aterrei pela primeira vez em Luanda e, quase, sem dar por isso já lá vão meia dúzia de anos e muitas histórias para contar.
A economia então crescia a dois dígitos, quase tudo estava por fazer e não havia "gato pingado" que não apanhasse um avião em busca da sua oportunidade de negócio. Cheguei pela mão de uma empresa que daqui apenas queria dinheiro e nada mais, condições de trabalho e estratégia nem vê-las, bati com a porta ao fim de um ano, passei então para uma das "pioneiras" da responsabilidade social na tuga, mas que aqui se mostrou completa e escandalosamente irresponsável, foi simplesmente para esquecer ao ponto de tentar o regresso à terra em 2009, estávamos então quase a bater no fundo pelo que no ano seguinte já estava novamente em Luanda, desta feita pela mão de um dos líderes da sua área onde ainda hoje exerço funções. Assisti em directo a dois actos eleitorais, acenei a Bento XVI, cruzei-me com quase todos os nossos políticos e um bom punhado de figuras importantes da nossa economia. Vi muitos empresários chegarem e vencerem, outros tantos saírem de cena completamente derrotados pela ganância e o preconceito. Vi Luanda mudar de imagem, de imenso estaleiro de obras para uma cidade que se quer moderna e cosmopolita. E aprendi imenso, sobre coisas que nunca imaginei, coisas que jamais aprenderia no conforto do hemisfério norte; mudei definitivamente a minha imagem do mundo, assim como a minha própria pessoa. África transforma-nos.
Já comi muito funge e mufetes na Ilha de Luanda, mergulhei um sem fim nas suas águas cálidas. Perdi a conta aos dias sem energia, sem água, às horas perdias no trânsito infernal. Já stressei, desesperei, chorei e gritei imensas vezes, já perdi a conta às vezes em que disse apanhar o primeiro avião de regresso, mas ainda aqui estou; e vamos ficando porque apesar de tudo Luanda tem algo que nos agarra, que nos marca de forma indelével e permanente. Talvez seja o clima, o calor das suas gentes, a sua permanente boa disposição e incurável optimismo face ao futuro. Um futuro que não sei o que me trará, pois por vezes dou por mim a suspirar, se não pelo regresso, quiçá a uma nova aventura noutras latitudes, mas o dia que deixar Luanda não será um momento, de certeza absoluta, nada fácil...
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