Olhado ao longe Portugal parece hoje uma casa sem rei nem roque.
As notícias vêm em cataupa, na tv, jornais, blogues, de todas as formas possíveis e imaginárias, tantas que é deveras difícil fazer uma esboço claro da situação actual. Cheira a fim de regime, a mudança de ciclo, patente nos discursos desconexos de quem (des)governa e na postura de futuros governantes de quem tem assento na oposição, ao mesmo tempo que a sociedade civil vai mostrando claros sinais de desgaste, que tardam no entanto em revelar a sua verdadeira face de completa insatisfação, tal a estóica capacidade de sofrimento do povo português.
Nascido e criado numa região onde as oportunidades não surgem, e onde tudo simplesmente existe devido à generosidade do Estado, (Escolas, hospitais ou tribunais vão mantendo postos de trabalho até que o défice fale mais alto) impressiona-me a insistência do povo em manter tudo como até aqui, continuando a exigir que esse mesmo Estado que se arroga generoso, dando pouco mais que nada a troco de muitos impostos, seja o garante de emprego e prosperidade.
No Alentejo existem locais, referidos no mapa de Portugal, apenas porque lá existe uma Câmara Munícipal, que na maioria das vezes é o maior empregador e maior cliente dos (poucos) privados. Estas autarquias monopolizam por completo as economias locais, fazem tudo e todos depender delas directa ou indirectamente, além de deterem poderes e instrumentos absolutamente pérfidos capazes de condiccionar, anular ou mesmo negar qualquer investimento privado. Além disso são peritas em medidas e programas de combate ao desemprego, contra os quais privado algum consegue competir, e que nunca resolvem o problema, apenas adiam a sua solução.
Se vivemos uma época de mudanças espero sinceramente que os povos destas terras onde nada acontece, no Portugal profundo, compreendam de uma vez por todas que deles depende a prosperidade e desenvolvimento, assim o Estado a que eles tanto exigem, o permita e não atrapalhe como até aqui. Já passou tempo demais para compreendermos que o modelo tem de mudar, não podemos continuar a insistir na tecla que nos trouxe até aos dias de hoje. Como sempre ouvi dizer lá em casa: deixem trabalhar quem quer.
2 comentários:
Palavras certas para certas câmaras.Estão mesmo a chegar ao fim.Foram não só anos perdidos, mas prejudiciais; e atrevo-me a dizer irreparáveis para muitos.E ao que vejo Elvas está como o resto do país
Caro anónimo,
Ao contrário do que muita gente pensa, um ano perdido não equivale a um ano "parado", mas sim a vários de retrocesso.
Temos muito trabalho pela frente.
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